Que tristeza!
Parece que o novo Presidente da República escolheu o ridículo como principal tema do seu início de mandato.
Foi a comovente visita ao hospital das crianças, com Sua Excelência a perguntar aos doentinhos se estavam bons e a primeira dama (como ela deve gostar que lhe chamem primeira dama!) a puxar-lhe a manga, não é bons, filho, é melhores, pergunta-lhes se estão melhores!, os médicos a furtar-se a questões não vá o patrão Pinto de Sousa – Sócrates para povo – zangar-se, o gáudio dos empregados do senhor Oliveira, tão sibilinamente reportado no DN, o desprezo “ignoratório” do Expresso, a declaração de que agora é que isto vai começar, saio do casulo mas não comento nada, nada, olhem a ética… São Pancrácio nos valha, tanta cavadela, tanta minhoca!
Agora, mais uma vez com os empregados do Oliveira a gozar perdidamente, é a exposição, com honras de museu, de Sua Excelência de calções, das notas que teve na quarta classe, dos feitos técnico-literários do professor, um narcisismo de pacotilha, uma pirosada sem nome, uma coisa de tal forma ridícula que apetece dizer, se quisermos manter o respeito que o senhor certamente merece, que foi induzida por terceiros, não iniciativa do próprio, que tem que surgir quem o salve dos seus áulicos, que não pode ser assim… O pior é que não foram os áulicos quem desencantou as fotografias do menino de calções, nem as pautas das notas, nem…
Não pensemos mais nisto, por amor à Pátria e por respeito pelas instituições.
Apesar de tudo, é preciso ter fé, mesmo que, até ver, só nos dêm motivos para descrer.
António Borges de Carvalho