INTRIGALHADA ELEITORAL
Segundo o júnior de um Marques, notável “capitão de Abril”, actual deputado do PS e chefe de uma coisa que, brilhantemente, diz que controla as secretas, afirmou peremptoriamente que as tais secretas nada têm a ver com a publicação de umas ditas mensagens cuja existência “prova” que o Presidente da República se acha ilegitimamente vigiado por uns capangas a soldo do primeiro-ministro, e resolveu queixar-se por ínvias formas. Mais. Opina o homem que é absolutamente irrecusável que jamais as secretas tiveram, ou têm seja o que for a ver com a “descoberta” ou a invenção de tais mensagens.
Atente-se no pormenor da coisa. O ilustre deputado sabe de ciência certa que os polícias não mexeram uma palha a este respeito. Não consultou os seus pares, não reuniu com os responsáveis, não falou com o senhor Pinto de Sousa, que é, por auto nomeação (tipo Chávez), chefe das polícias, nem nada. O homem, se sabe de ciência certa que não foram as secretas é porque está a par de tudo, mas tudo, o que as secretas, sob o comando do chefe, fazem ou deixam de fazer. Ora como não é possível que esteja a par de tudo, mas tudo, o que as secretas fazem, ou é parvo, ou está a mentir (o exemplo do chefe frutifica…), ou então está a fazer política à moda do PS, isto é, da forma mais rasca possível. Para quem não estiver a dormir na forma, as palavras, “certeiras e indignadas” do tal Marques só podem querer dizer que foram mesmo as secretas quem forneceu as bocas ao Marcelino, mandando-as, para disfarçar, a outros dois jornais. Quer também dizer que o senhor Pinto de Sousa pode contar com este fulano para todas as imoralidades que entender. Sobretudo se, para nossa pavorosa desgraça, ganhar as eleições.
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É evidente, para quem não anda na vida só a ver os passarinhos a voar, que a origem desta história cheira muito mais a manobra do senhor Pinto de Sousa ou de alguém sob as ordens dele do que a queixinhas presidenciais. De uma assentada, o homem desvia as atenções do caso da Guedes Manuela, faz esquecer o Freeport, arranja maneira de desacreditar José Manuel Fernandes, seu “inimigo” nº2, põe em cheque o Presidente e, por via dele a, Drª Manuela, “acusada” de “próxima”. O senhor Pinto de Sousa, desgraça viva da Pátria, fica, angelical, fora de tudo, a fazer a sua aldrabófona propagandazita. De mestre, não é? A outra hipótese é a de que, nem o senhor Pinto de Sousa, nem o Grande Oriente Lusitano, nem o Partido Socialista, nem as secretas, têm a ver com o assunto. Esta tese é a adoptada pelos que são, ou completa, total e absolutamente estúpidos, ou por gente mal-intencionada (entenda-se, do PS), interessada em desviar as atenções do ambiente de pústula em que o chefe sempre navegou. Estes grupos são naturalmente os mesmos que dizem que o “Diário de Notícias” é um jornal “pluralista” e de “informação independente” e não o jornal a que o IRRITADO chama socialista há muito, muito tempo: um jornal que, quando se trata de atacar os que não são do partido, da Irmandade ou próximos do condotireri, é capaz de se borrar nos mais elementares princípios da profissão jornalística e o faz à frente de toda a gente, sem vergonha nem nojo de si próprio. Não só não é um jornal independente como mostra à saciedade que, quando o chefe está desesperado, vale tudo para o safar.
18.9.09
António Borges de Carvalho