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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

CURIOSIDADES DE FIM DE SEMANA

  

VISÃO E SABEDORIA
 
Segundo rezam alguns jornais, o General Doutor Eanes vai ao Japão assistir a uma conferência da ONU sobre o futuro da África. Nela se pronunciará sobre o tema em discussão, designadamente defendendo, como verdades basilares, que a colonização e a globalização tiveram “consequências desastrosas” para o continente e que, para obviar a tais consequências, se impõe que os atingidos por elas optem pela “reafirmação dos valores africanos tradicionais”.
 
Notável. Preste-se a devida homenagem ao esclarecido intelecto do General Doutor.
 
Por mim, curvar-me-ei.
Até agora, julgava que a colonização, por muito màzona que fosse, tinha tido a qualidade de tirar milhões de pessoas da idade da pedra, ou de uma vaga idade dos metais. Julgava, também, que as guerras tribais, as lutas fratricidas, os genocídios e a destruição das economias africanas, via marxismo, tinham ressurgido, ou surgido, a seguir à descolonização e não durante ela ou por causa dela.
Julgava eu que a globalização era muito mais perigosa para o primeiro mundo do que para o terceiro, já que tem vindo a permitir que a África, como a Ásia ou a América do Sul gozem de condições nunca vistas para comerciar com o mundo inteiro, para entrar na lucrativa da transformação industrial, sendo a África, além disso, objecto de uma ajuda internacional que mete o Plano Marshall num chinelo.
Julgava eu ter, de África, um saber de experiência feito mais profundo que o do General Doutor Eanes. Até que ele veio pôr ponto final às minhas convicções! Que maçada.
 
A mais importante das manifestações de sabedoria do General Doutor é, porém, o remédio que preconiza para os males cuja origem tão luminosamente identificou. Uma verdadeira panaceia: a “reafirmação dos valores africanos tradicionais”.
Esmagado por esta brilhantíssima tese, ouso tentar descortinar a que “valores tradicionais” se refere o General Doutor. Do ponto de vista civil, teremos por exemplo a poligamia, o casamento por compra da noiva ao respectivo pai, o direito de pernada, a circuncisão bi-sexo obrigatória… Politicamente será desejável que se volte ao tribalismo, com a necessária quão legítima autoridade dos sobas, dos reis do povo, dos anciãos e dos feiticeiros. Além disso, a ONU terá que tratar de abolir as fronteiras, desenhadas pela colonização, e que as substituir pelos limites informais do poder de cada chefe autóctone... Do ponto de vista cultural, o parecer do General Doutor levará, logicamente, à imediata abolição das línguas europeias, abusivamente introduzidas pela colonização: os congos passarão a falar, em exclusivo, mussurongo e quissolongo, os suaílis suaíli, e assim por diante. A medicina europeia será, naturalmente, abolida e substituída pelos feitiços e pela invocação dos espíritos, “valores tradicionais”... Lá para o Norte que, ainda que pouco, é África, serão, por exemplo, abolidos os automóveis e os aviões, e devidamente substituídos por camelos. O dinheiro, corruptora invenção da colonização, será abolido, já que a troca directa e a vontade do soba são valores muito mais tradicionais. No que à moral diz respeito, será abolida a fidelidade, a gratidão, a honra e outros terríveis valores da civilização europeia, os quais serão substituídos pela vontade do “mais velho”, pela ameaça do feitiço e pela obediência à tribo. Deixará de haver prisões. Os prevaricadores serão mortos, mutilados, espancados ou apedrejados in situ, segundo os valores tradicionais africanos.
 
Tudo isto não é mais do que uma pálida imagem do enorme avanço que a proposta do General Doutor, uma vez realizada, traria aos povos de África.
 
O genial doutor, perdão, o General Doutor, vem assim iluminar o mundo, começando em Portugal, continuando no Japão e acabando na ONU.
Dada a tradicional escuridão do continente africano, é de esperar que tal iluminação lá não chegue.  
 
 
 
JUSTA GREVE
 
Não é de deixar escoar-se este triste fim de semana sem uma palavra de apreço por esses eméritos cidadãos que são os motoristas dos aviões da TAP.
Os rapazes, que constituem, como é do conhecimento geral, uma das classes profissionais mais bem pagas do país, decidiram fazer uma greve. Objectivo: aumentos!
Têm toda a razão. Senão, vejamos: a TAP está falida, como toda a gente sabe. Tratando-se, porém, de uma empresa do Estado, isso não tem qualquer importância. O Estado tapará o buraco, tal como o faz com a RTP e tantas outras, uma vez que o dinheiro dos impostos é para isso que serve, pelo menos no esclarecido raciocínio dos admiráveis motoristas dos aviões. Os passageiros prejudicados, diz-se, foram só quarenta mil, o que, se comparado com as pessoas que, no mesmo espaço de tempo, andaram de avião, é uma gota de água no oceano. Considere-se ainda o contributo dos motoristas em causa para a saúde dos tipos que carregam com as malas dos passageiros, os quais se viram aliviados de várias toneladas de trapos e objectos pessoais de quem ficou em terra.
Os motoristas da Carris têm todo o direito à greve, não é? Os dos táxis, do metropolitano, da transtejo, os cocheiros dos “landaus” do Palácio de Sintra, e tantos outros, também.
Que diabo, como é que pode haver quem se indigne com a greve dos da TAP?
 
 
 
O TEMPORA, O MORES!
 
Às vezes ficamos espantados com a evolução dos conceitos. Por exemplo, os nossos doutos magistrados dividem-se acerca da retroactividade ou não da lei socialista sobre a responsabilidade decorrente das sentenças proferidas. No meu tempo, este tipo de normas jamais podia ser retroactiva. Era um conceito de base. Não se discutia. Estava entranhado.
 
Pergunta: o que evoluiu ou mudou de tal maneira que seja “normal” para os próprios juízes, e ao mais alto nível, discutir uma coisa destas?
 
Pior. Os ilustres magistrados, que usam um sindicato, o seu, como os metalúrgicos e os almeidas usam os deles, ou seja, para defender qualquer prerrogativazinha, sempre ultra preocupados com a sua chamada independência, põem em causa essa mesma independência quando atribuem aos colegas “culpas” por terem julgado como achavam que podiam e deviam julgar.
Ora aquilo a que, no meu tempo, se chamava independência dos juízes era a independência de julgar e não outra coisa, fazer sindicatos, por exemplo. Por isso eram os juízes irresponsáveis, isto é, para garantir a sua independência de julgar, não podiam ser responsabilizados pelas suas decisões.
Hoje, porém, os juízes discutem entre si se um colega pode ou não ser prejudicado na sua carreira por ter tomado a decisão A em vez de tomar a B, coisa que, em boa verdade, pertenceria em exclusivo, e não em termos de "culpa",  à instância seguinte. Não a nenhum conselho, por muito “superior” que fosse. A não ser, como é óbvio, em casos de corrupção, compadrio ou coisa do género. O que não é, manifestamente, o que tem estado em causa. O que tem estado em causa é uma decisão política, tomada, por iniciativa de políticos, num conselho que não devia ser político, e com evidentes efeitos políticos. Ainda por cima prevalecendo-se do “princípio”, em tempos impensável, da retroactividade.
 
Pergunta: o que mudou para termos chegado a tão profundas mudanças de mentalidade?
 
Para as minhas perguntas, é mais que certo não haver respostas. Bateram no fundo.
 
 
“MEDIATISMO”
 
Fiquei parvo. Estou eu muito bem sentado na minha poltrona quando, de repente, o locutor anuncia que o programa vai ser interrompido para uma importante declaração governamental.
Mudado o cenário, apareceu a senhora ministro da saúde, com ar solene. Ao todo, declarou que (grande vitória do governo!) tinha morrido o primeiro cidadão vítima da gripe dos porcos.
Por acaso, a informação até era falsa. Mas, para o caso, não importa. O que importa é que, em plena campanha eleitoral, o governo vem anunciar, com a solenidade de quem declara guerra à Papuásia, que morreu um cidadão.
 
Imagine-se o diálogo:
 
 
 
- Ó Zé, morreu um gajo com gripe suína. Que fazer?
- Ó filha, aproveita! É uma oportunidade para o governo arranjar mais tempo de antena!
- Mas é uma má notícia!
- Qual má, qual carapuça! É só um! O primeiro! O único!
- Bom, se achas…
- Claro que acho. Faz isso com a serenidade em que és especialista! Convoca uma conferência de imprensa (não te esqueças das televisões!) e, sem dar direito a perguntas - que podem ser chatas – dá a notícia às portuguesas e aos portugueses. Olha, diz aqui o tipo das manipulações que a coisa, bem trabalhada, deve dar para uns quatro ou cinco minutos. É obra!
 
E assim foi utilizado o cadáver de um infeliz para propaganda eleitoral.
 
Quando morreu o segundo, este sim, com a gripe dos porcos, a ministra não veio interromper programa nenhum. As eleições estavam no papo e o morto, ainda por cima, era da oposição.
Brrr…
 
PÉ DE PÁGINA
 
Ah! É verdade! O senhor Pinto de Sousa e aquilo em que transformou o PS vão continuar no poleiro. Desgraça, não é?
 
28.9.09
 
António Borges de Carvalho
 
 
 

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