UM OCEANO DE ENGANOS
NÚMERO UM
Todos os dias somos metralhados com as pré-fabricadas aldrabices do Costa. Seguindo o exemplo do senhor Pinto de Sousa, este seu acólito e putativo sucessor “escreve” o programa do adversário de pernas para o ar para, a seguir, o demolir. Uma táctica que deu “bons” resultados nas legislativas.
Se Santana Lopes quer manter o IPO onde está, Costa conclui que o programa do adversário inclui o desprezo pelos que sofrem de cancro. Se Santana defende o alívio dos engarrafamentos no eixo central da cidade, meendo o trânsito que a atravessa no subsolo, Costa conclui que a intenção do adversário é inundar a cidade com automóveis... à suoerfície! Se Costa aumenta a dívida da cidade, como tem feito, foi Santana quem a aumentou e quer continuar a aumentar. Se Santana pagou as dívidas de Soares, não fez mais que o seu dever. Nem se fala nisso. Se Costa paga as dívidas que herdou, endividando-se mais, é um herói. E assim por diante.
A mentira é, assumidamente, o grande trunfo eleitoral do PS. A opinião pública, “informada” por media bajuladores e eivados de complexos de esquerda, não vai mais longe do que lhe é metido na cabeça a toda a hora, todos os dias, e tende a aceitar por boas as bojardas do PS.
NÚMERO DOIS
A propósito disto vale a pena recordar que toda a política do senhor Pinto de Sousa e seus rapazes se baseia e justifica, desde a primeira hora, num monumental embuste (o défice inventado) que, de tal forma repetido, tomou foros de verdade absoluta.
Vale a pena recordar o que o Irritado já referiu e que está escrito nos anais da União Europeia.
Como segue:
O PS de Guterres herdou um orçamento equilibrado. Em 2000, o défice foi de 2,8%, à custa da gestão de Cavaco Silva. Em um ano, Sousa Franco demitiu-se irritado com o despesismo e Guterres agarrou no défice e deu-lhe um pontapé pela escada acima : 4,4% em 2001.
A UE abre um processo contra Portugal.
Vem o PSD e Durão Barroso/Ferreira Leite recolocam o défice nas “baias” do PEC: 2,7% em 2002 e 2,9% em 2003.
A UE arquiva o processo.
Mas o despesismo socialista minava ainda a vida financeira do Estado. Santana Lopes/Bagão Félix escorregaram até 3,4% em 2004, o que foi considerado tolerável pela UE.
Vem o PS outra vez, pela mão do senhor Pinto de Sousa. Durante o consulado Barroso, Pinto de Sousa, é bom lembrar, arrotava postas de pescada todas as semanas na televisão sobre a “obsessão” do défice da Drª Ferreira Leite, ao mesmo tempo que o feroz socialista e republicano Sampaio mandava os seus petardos a partir de Belém: “há vida para além do défice”, lembram-se?
É claro que era tudo mentira. Tanto, que Pinto de Sousa, desta vez com o silêncio cúmplice de Sampaio, se tornava mais “obsessivo” com o défice do que Ferreira Leite/Bagão Félix teriam sido. Como a situação herdada (3,4%) não justificava só por si o brutal aumento de impostos de que o PS precisava para financiar a sua propaganda política, os seus caríssimos fogachos e a multidão de amigalhaços distribuída por “autoridades”, “entidades”, “institutos”, ""gabinetes", etc., havia que encontrar uma “justificação” para morder como uma hiena no bolso dos cidadãos.
Aqui, entra em acção um artista especialmente vocacionado para a tarefa: o Dr. Victor Constâncio, que aceita uma encomenda do governo, nestes termos: se não se fizer nada, o que acontece ao défice? A esta extraordinária questão, Victor Constâncio responde: fica em 6,85%! E esta, hem? Genial!
A coisa, bem aproveitada, ainda hoje dá frutos. Na campanha eleitoral, o senhor Pinto de Sousa não se cansou de gritar que tinha endireitado as contas públicas e que só isso tornava possível acudir à crise com inúmeras “medidas sociais” (v. nº3): o défice que o governo herdou do anterior não é o que está no Eurostat, não é o que está nas contas do Estado: passa, como por encanto, de 3,4% para 6,85! Tudo mentira, mas que interessa? Para o PS, não é a mentira o mais importante argumento político?
A história continua. Em 2005, o governo PS averba um défice de 6,1%. Na boca da mentira institucionalizada, conseguiu o feito histórico de baixar de 6,85 para 6,1%. Menos 0,75%!
A EU move outro processo.
Na verdade, o défice tinha aumentado de 3,4 para 6,1%! É o que dizem todos os documentos, estatísticas, contas públicas, Diário da República, etc. Mas que interessa a verdade? O que interessa a esta gente é o poder, mesmo que o preço seja o da trafulhice.
Em 2006, grandes heróis, o défice, em resultado das receitas malucas dos inchadíssimos impostos, veio para os 3,9%, ainda meio ponto acima do conseguido, sem aumento de impostos, no último ano do governo PSD/CDS. Finalmente, em 2007 e 2008, a brutalidade fiscal continuou a fazer os seus efeitos (devastadores para o povo) e o senhor Pinto de Sousa, coberto de glória, apresentou contas com um défice de 2,6%.
A UE fecha o processo.
Entretanto, a despesa pública continuava, steadily, a crescer, e os impostos a não descer! Em 2009, o défice previsto é de 5,9%, mas toda a gente minimamente avisada sabe que vai ser mais do que isso. Em 2010, a mesma coisa: o senhor Teixeira propõe 6,7%, mas só um parvo acreditará.
É a crise? Talvez. É o “ataque à crise”, as “medidas sociais”? De maneira nenhuma, como se verá a seguir. Mas a trafulhice continuará. As culpas continuarão a ser dos “constrangimentos importados” e da “preocupação humanitária” do governo.
No oceano de enganos socialista a maré alta é permanente.
NÚMERO TRÊS
Last but not least, consideremos as novas despesas governamentais, que “justificam” o crescimento do défice e a manutenção ou, quem sabe?, o aumento dos impostos.
O governo começou por desorçamentar um sem número de despesas, de que é gritante exemplo o que fez com as estradas. Mesmo assim, a despesa pública subiu sem parar durante os quatro anos do medonho consulado socrélfio. Depois, fez disparar os impostos, perseguiu sem quartel as cobranças e lançou inúmeros programas e obras, a maioria dos quais ficaram pelos seus vários anúncios. Tudo isto antes de uma crise mundial cuja influência interna só foi reconhecida quando o governo percebeu que, mesmo sem ela, a gestão de 2008 tinha sido uma desgraça e que o défice, o desemprego, as falências e a pobreza cresceriam, com ela ou sem ela.
As coisas neste pé, tratou o governo de nacionalizar problemas cuja solução era a da economia de mercado, não a dos socorros a náufragos. Assim gastou milhões que não tinha, e exponenciou a galopada da dívida externa para valores nunca vistos. Depois, desatou a anunciar “medidas sociais” cuja injustiça, em inúmeros casos, já foi largamente denunciada. Tais medidas foram propagandeadas como causa primeira do aumento do défice de 2008, o mesmo sendo anunciado para 2009. Ficou montada a desculpa.
Tudo mentira, como de costume. Quantificadas as coisas, as medidas anti-crise do governo português são das mais pífias da Europa. Portugal é o 12º país, nos 17 em que as contas estão feitas. Três vezes menos que a Espanha, quatro vezes menos que o campeão, a Finlândia, no cômputo de tais medidas. Como é, então, possível, argumentar que as medidas anti-crise são as marotas a quem se deve o aumento do défice? Não pode. Ou não devia poder. Mas, para o governo, para o PS, para o senhor Pinto de Sousa, pode.
É assim a nossa vida. O povo, tratado como pateta (que se calhar é), votou mais em quem o enganou do que em quem lhe dizia a verdade. O povo, infelizmente inculto e crédulo, ao contrário de praticamente todos o povos da Europa, tem a desgraça de acreditar que a solução para os seus problemas está mais à esquerda que à direita, ou seja, que é possível distribuir riqueza sem a criar, que é possível manter empregos que só existem na privilegiada cabeça do senhor Carvalho da Silva, numa palavra, que se faz omeletas sem ovos.
Consequência da magnífica política socialista: por cada 100 portugueses que fogem da nossa desgraça há 15 estrangeiros que aparecem por cá ao engano e que, se tratarem dos papéis como deve ser, vão acabar no desemprego ou no “rendimento social”. Isto enquanto houver crédito externo para financiar as loucuras e as aldrabices do senhor Pinto de Sousa e da desgraça de partido que ele fabricou, filho dilecto da sua ignorância, da sua inconsciência, da sua ausência de escrúpulos e de respeito pela dignidade de cada um.
Quando o crédito acabar, logo se vê. Afogamo-nos no oceano das mentiras do socialismo, a não ser que venha mais pimenta da Índia, mais ouro do Brasil, mais império, mais União Europeia, mais milagres de Fátima...
10.10.09
António Borges de Carvalho