POBRE LISBOA OU AS DOZE PROMESSAS DO SOCIALISMO
O jornal ultra socialista Diário de Notícias dedica ontem uma página inteira às promessas do Costa. Vale a pena dar uma olhadela à coisa, a fim de perceber como há “técnicas” eleitorais que se repetem. Lembram-se, por exemplo, dos 150.000 empregos?
Primeira promessa: metro até ao aeroporto. Esta o Costa vai cumprir. Só que não é promessa, ou não é promessa dele. O metro, mal ou bem, nada tem a ver com o Costa. Se o presidente da CML fosse o Rato Mickey era a mesma coisa.
Segunda promessa: o metro da Amadora para a Reboleira, e mais 30 (!!!) estações fora de Lisboa. Não carece de demonstração que, nem o Costa nem os seus meninos e meninas têm seja o que for a mexer com este assunto.
Terceira promessa: dentro dos próximos quatro anos, haverá um eléctrico rápido entre São Sebastião e o Restelo, passando por Alcântara e pela Ajuda. Lindo! É preciso ser muito parvo, parvíssimo, para acreditar nesta.
Quarta promessa: 40 - quilómetros de ciclo via - 40! Lisboa transformada “numa mini-Copenhaga”, diz o fulano. Será que o homem ainda não percebeu que Copenhaga, como A Haia ou Amsterdão, não são construídas em cima de sete colinas? O homem propõe-se gastar 5,3 dos nossos pobres milhões nesta idiotice, a qual “estará pronta daqui a 4 anos”. A esta distinta e inteligente operação, feita sob a batuta do pide Fernandes, acrescerá uma outra, a de “bicicletas partilhadas”, como em Paris. O homem nem sequer se deu ao trabalho de ir a Paris ver o molho de bróculos em que tal ideia se transformou. Uma larilada do socialista Delanoë, que custou milhões e deu a maior das raias.
Quinta promessa: o Parque Mayer. O Costa admite que não vai acabar a coisa em 4 anos. Mas o projecto é digno de quem não sabe patavina de como se fazem estas coisas. O aspecto que mais adianta é o de ligar o jardim botânico ao “ex-libris do teatro de revista”, esquecendo-se, primeiro, que o teatro de revista já não existe e que teatros é o que menos falta nos faz. Haverá escadas rolantes e elevadores - vá lá, sejamos justos, o homem parece que já percebeu que, se há alguns munícipes, poucos, que descem o jardim botânico, raríssimos são os que o sobem! Depois, são mais não sei quantos teatros, mais o indispensável Capitólio, maravilha fatal do modernismo, mais uns restaurantes e um hotel com cem camas. De vida, de pessoas, no Parque Mayer, nada. De um mínimo de viabilidade económica, zero. O Parque Mayer, nas mãos desta gente, vai ser mais um elefante branco, um supermercado de cocaína, uma casa de pegas.
Sexta promessa: mais cinco mil árvores por ano, vezes quatro igual a 20.000 árvores. Onde? Trata-se do tal “plano verde” que vai servir para gastar milhões (olhem o viaduto da Gulbenkian!) e que será, como outras realizações do socialismo (o jardim por cima do Corte Inglês, por exemplo), um “elefante verde” a que os lisboetas darão com os pés. Desta vez, “em dezenas de quilómetros”! Onde?
Sétima promessa: hortas urbanas! Tínhamos visto, aqui há tempos, o arquitecto paisagista Ribeiro Teles, grande defensor das hortas urbanas e inspirador intelectual do Fernandes, a louvar umas couves que uns pobres emigrantes cultivavam nos taludes da A1, bem como um reformado que se orgulhava dos rabanetes que fazia crescer nos restos abandonados de uma quinta de Benfica. Agora, esta filosofia vai tornar-se oficial, isto é, não mais couves por conta própria, o município vai dar terras em Chelas, Boavista, Ameixoeira e Vale Fundão. Vai ser um fartote de hortas, de problemas de propriedade, de conflitos de vizinhança, de gastos de água, de alfaias, de fiscalização, de policiamento. Lindo. É que, para ser hortelão, é preciso mais do que ser protegido do Costa!
Oitava promessa: “pensar” um jardim para os terrenos do aeroporto da Portela. Esta, rapazes, não nos preocupa. Jardim ou não jardim, talvez os filhos dos Costas façam alguma coisa em tais terrenos. Não é rebuçado que vos adoce a goela.
Nona promessa: a frente ribeirinha. Ancorada, segundo o Costa, nas comemorações de Alcácer Quibir, perdão, do 5 de Outubro, a frente ribeirinha ainda é um problema. O Costa limita-se a dizer que “será uma das partes de Lisboa que mais mudará”. Como? Não se sabe. Para já, o Terreiro do Paço é uma chatice, anda para aí muita gente a espernear. A única coisa que se sabe é que, em 2013, o Terreiro do Paço estará renovado. Como? Que interessa isso?
Décima promessa: os contentores de Alcântara. O Costa só sabe que “estas coisas estão longe de ser consensuais”. Confessa, porém que, “com o PS no governo e na câmara não será estranho que daqui a quatro anos o Porto de Lisboa tenha crescido de forma exponencial”. Não sentem um calafrio?
Décima primeira promessa: policiamento de proximidade. Se acreditarmos que um fulano que já foi chefe de todas as polícias e nunca as aproximou fosse de quem fosse, ficaríamos satisfeitos com a promessa.
Décima segunda promessa: mais trabalho para as Juntas de Freguesia. Como vai funcionar esta magnífica “descentralização”, é coisa que ninguém saberá. O que se sabe é que, com as competências que a Lei lhes dá, com o dinheiro que têm, não irão a parte nenhuma. Mais uma vez, talvez fosse de mandar o Costa a Paris, ver como funcionam as mairies dos arrondissements.
E mais não digo, nem me apetece dizer. Minha pobre Lisboa!
14.10.09
António Borges de Carvalho