SALOIO MAS CÍNICO
Toda agente assistiu, durante a campanha eleitoral, ao novo facies do senhor Pinto de Sousa. Ele, o duro, o determinado, o teimoso, o autoritário, metamorfoseara-se no dialogante, suave, compreensivo político, já não empenhado em mandar, atropelando, mas em compreender, ajudando.
É claro que era tudo mentira. Ao mesmo tempo que se delambia em doçuras e até fazia da “decência” mote de campanha, mandava os seus apaniguados, os silvas, os pereiras, os junqueiros, arrotar as maiores alarvidades acerca dos adversários do PS.
Ganhas as eleições, a táctica é a mesma: o senhor Pinto de Sousa recebe os líderes partidários para lhes propor que o ajudem a cumprir um programa sufragado por 36% dos eleitores e recusado pelos restantes 64%. Ninguém sabe que propostas concretas fez o senhor Pinto de Sousa aos demais: ou não propôs coisíssima nenhuma, ou é segredo de Estado. O que se sabe é que o único líder que levava “condições de cooperação” debaixo do braço (Portas, Paulo) saiu com elas debaixo do braço. Pelo que não se sabe se foram os partidos que deram com os pés ao senhor Pinto de Sousa se foi o senhor Pinto de Sousa quem deu com os pés aos partidos. Cá fora, cada um diz o que acha melhor para a fotografia. Mas tudo é mentira, como tudo é verdade.
A gritada “abertura” do líder que transformou o PS naquilo que é, bem como a postura de “compreensão” alardeada durante a campanha, não passam de manifestações da mais estrutural característica da organização: a aldrabice pura e simples. A prová-lo vem, ao colo do Arqº Saraiva, o mais repugnante dos membros da tribo, o inenarrável Santos Silva, dizer que a dona Manuela é tal qual “uma anarquista espanhola”, que é parecida com o BE e com o MRPP e que não passa de uma “interlocutora precária”!
Mais uma vez cá temos o maestro a mandar os trauliteiros da brega à ribalta, para dizer o que à sua nova e angelical vestimenta não ficaria bem.
Por outras palavras, o senhor Pinto de Sousa não mudou de “personalidade”, o que fez foi sofisticar a aldrabice.
Saloio, mas cínico.
17.10.09
António Borges de Carvalho