25 DE NOVEMBRO
Comemorando a data, a RTP resolveu entrevistar vários actores dos acontecimentos.
Eu, que defendo que o 25 de Novembro devia ser oficilamente comemorado como data em que, verdadeiramente, se abriu caminho a algo que se pode chamar democracia, vi, até ficar enjoado, uma parte do tal programa.
As pessoas que, com menos de cinquenta anos (mesmo eu, que assisti a tudo e até fui “sequestado” no Monsanto por uns tipos que se diziam paraquedistas), viram o programa, devem ter ficado de boca aberta. Então, os protagonistas dessas coisas – os dois 25 – eram estes? Lourenço, Otelo, Clemente, “Fitipaldi”, Andrada, o fulano da UDP cujo nome esqueci, e tantos outros, actuais coronéis de aviário, é que foram os protagonistas de tudo, para o melhor e para o pior? Que miséria, que tristeza. Tipos que, quarenta anos passados fazem da história a história das intrigas, intigretas e intriguinhas, inimizades, ignorâncias crassas, e que, valha-nos Santa Engrácia, com pesporrência a rodos ainda hoje não dão duas para a caixa sobre o que se estava a passar, sobre o que um país inteiro à beira da guerra civil ia pensando e sofrendo, é a esta gente que devemos a liberdade? É.
Para quem quer reduzir os 25 a uma questão de oportunismo corporativo, nada melhor que estes testemunhos. Terá sido isso? Um bando de profissionais da guerra a querer fugir à guerra, a odiar os que, em vez deles, davam o corpinho ao manifesto (os conscritos), a querer ganhar mais dinheiro que os outros, a ser, com a maior facilidade – a dos igorantes - apropriados pelos manda-chuva do bolchevismo, a lançar, com o seu atrabiliário poder, um país sedento de liberdade no charco da rua, para, libertos da chatice dos quartéis, das plagas de África e dos concorrentes milicianos, se “coronelizarem”. Foi isto? Foi.
O que não quer dizer que o 25 de Novembro não tenha sido uma data libertadora. Os seus intérpretes militares é que deviam estar calados, ou então, percebendo que os acasos que lhes cairam os braços acabaram por ter bom resultado, ter a delicadeza de não se gabar.
26.11.15