COISAS ESTÚPIDAS
Um idiota qualquer resolveu chamar a um seu filho Diego, se calhar porque o Maradona é o padroeiro lá de casa. O tipo do registo civil não foi na conversa: podia ser Diogo, mas não Diego. O idiota foi para os tribunais, sendo ainda desconhecido o resultado final desta triste parvoíce.
Há muitos anos era comum aparecer criancinhas chamadas Estaline, Lenine, Benito, Rodasneprevil* e coisas no género. Houve até um Uòchinguetóne que andou comigo na tropa.
Depois, julgo que foi o Salazar quem acabou com esta prática atrasada mental: à boa maneira autoritária, foi criada uma lista de nomes “admissíveis”. Muita gente, reconheça-se que com alguma razão, achou a imposição abusiva.
Veio a democracia que temos e, julgo, o dictat terá sido abolido ou esquecida a sua aplicação.
A lei da segunda república era chata. Com certeza. Mas, uma vez abandonada, facto é que o atraso mental voltou em força e o país foi inundado de desgraçadas de seu nome Tânia, Vanessa, Natasha, Andrea, e de infelizes etiquetados Dimitri, Walter e outras cavalidades.
Pelo andar das coisas, se não há uns conservadores mais teimosos ou exigentes, dentro em pouco teremos uns rapazitos chamados Baraque, Sidenei, Messi, Rusevelte ou Liedson, e umas meninas a ostentar epítetos como Betty Obama, Carmencita Maradona ou Rebecca Navratilova.
Talvez a liberdade o exija ou justifique. Mas não me agradaria que, como no Brasil, começassem a aparecer Austregésilos, Dinaíres ou, no estertor da paranóia, algum Um Dois Três de Oliveira Quatro, o que já não seria a primeira vez.
Isto, se não vier a acontecer que apareçam criancinhas chamadas Sócrates, Platão, Aristóteles ou, melhor, Anaximandro ou Praxíteles. Quanto ao primeiro, também já não seria a primeira vez.
A ver vamos.
22.10.09
ABC
* Livre Pensador de pernas ao ar, cidadão ao que julgo nascido no Seixal por volta de 1910.