Louçã e o colonialismo
É verdadeiramente notável a forma inquisitorial como o senhor Louçã defende que Portugal deveria cortar relações com Angola e com outros países reconhecidamente corruptos, governados por nomenclaturas sem escrúpulos nem respeito por qualquer sombra de princípios democráticos. Notável, e comovente.
O senhor Louçã era o lider de uma coisa que se reclamava, e reclama, do "socialismo revolucionário". É o chefe de uma coligação, de nome Bloco de Esquerda, negociada entre essa coisa e mais duas organizações: uma, a UDP, adepta do extinto comunismo do senhor Enver Hoxa, outra, a Política XXI, prócere de um comunismo quiçá mais aggiornato.
Como é que um indivíduo desta natureza, por mais que fale com um jeito arquiepiscopal, pode exigir do Estado que prejudique os seus interesses por mor de considreações e exigências democráticas que o próprio comprovadamente sempre abominou?
O raciocínio do senhor atinge os píncaros do dislate quando declara que, em relação aos PALOPs, Portugal tem uma política “neocolonialista”.
Pessoalmente, tenho as maiores dúvidas quanto a tal política. Nisso, estou com o senhor Louçã. Só que, ao contrário daquilo a que os louçãs deste mundo chamam, ou chamavam, colonialismo, dominação, exploração, e outros simpáticos substantivos, a política portuguesa em África é de rebaixismo, cheia de complexos de culpa completamente idiotas e, se é de exploração, é-o dos nossos recursos e não dos dos beneficiários de tal política. Olhem Cabora Bassa! Milhares de milhões deitados ao mar, em nome de quê? Do neocolonialismo?
O senhor Louçã, além de mentiroso e mal intencionado, às vezes parace que é burro.
António Borges de Carvalho