MISTÉRIOS, NOMENCLATURA E GENELOGIA
Andam para aí tantos mistérios que o IRRITADO se sente no direito de colaborar no desvendar de um que traz muita gente inquieta.
Tem a ver com o primeiro-ministro, mas nada, garanto, com as suspeitas de que é alvo por parte das forças ocultas que, através de espionagem política, insistem em campanhas negras. Nada disso, que o IRRITADO não participa em tais campanhas. São coisas de magistrados e de polícias, destinadas a mostrar serviço e a excitar a opinião pública.
Trata-se de saber porque é que o nosso primeiro-ministro tem como nome de guerra do grande e homónimo pensador da Grécia antiga.
Os pais do nosso homem tiveram o mau gosto de lhe pôr tal nome próprio a seguir a José, quem sabe se para lhe excitar o bestunto e lhe animar o QI. O resultado não foi brilhante. Terá o homem julgado que, usando tal nome, se tornaria melhor?
O IRRITADO pensou no assunto e acha que não. A “Sócrates” seguem-se nomes normalíssimos: Carvalho, da mãe, Pinto de Sousa, do pai. Aqui, o mistério adensa-se. Porquê deitar fora a família?
O IRRITADO já tinha ficado estarrecido quando o senhor Pinto de Sousa tomou posse pela primeira vez. É que, feita pelo próprio a lista dos convidados para o dourado e Real salão, o Arquitecto Pinto de Sousa não fazia parte de tal lista e até teve, compreensivelmente, um televisivo desabafo de tristeza. Porquê, interrogaram-se as massas, sideradas: o homem não só não usa o nome do pai, como o deixa à porta na tomada de posse!
Há poucos dias levantou-se, perante os olhos do IRRITADO, uma ponta do véu que cobre a misterioso facto. Calcule-se que o Arquitecto Pinto de Sousa foi número dois de uma lista do PSD na Covilhã, lista que concorreu contra o PS e ganhou! Assim se ofende um filho. Suprema ofensa! Daí, Pinto de Sousa nunca mais.
Restava esclarecer porque é que o fulano, não gostando, com carradas de razão, do nome do pai, não passou a usar o da mãe (Carvalho), como há quem faça. O Doutor Pulido Valente, por exemplo, é Correia Guedes do pai e usa o apelido da mãe. Lá terá as suas razões. O senhor Lelo - leviano, presunçoso, vaidoso, maluco, segundo o dicionário - também não usa o nome do pai, Ribeiro de Almeida. Neste caso compreende-se.
Mas o nosso José, nem Pinto de Sousa nem Carvalho. Sócrates! Se o ridículo matasse, onde estaria o nosso bom primeiro-ministro! Mas ele aguenta tudo. O nome da mãe é que também não.
Vista a árvore genealógica do homem, a coisa esclarece-se. Do lado da mãe, é tudo pessoal que nada tem de socialista. Bem pelo contrário, é gente que se conhece (e celebriza!) pelas suas actividades capitalistas.
Tudo claro. Não havia escolha possível. Entre um ramo que é do PPD e outro que, pelo menos, é industrioso, que fazer?
Só José era pouco. Vai, então de arranjar Sócrates como nome de família, que deve ser o que lá fora, com inevitável sorriso, se pensa.
E, no entanto, como diria Galileu, continua a ser o senhor Pinto de Sousa.
17.11.09
IRRITADO