QUE PAÍS É ESTE?
Enquanto a Justiça vai dando o seu cada vez mais degradante espectáculo, o crime vai fazendo o seu caminho.
Se não, vejamos.
As almas socialistas, ou algumas almas socialistas, proclamam a inegável existência de terríveis crimes: ele é o assassinato de carácter do primeiro-ministro, ele é a ESPIONAGEM política por obra da polícia e dos magistrados, ele é a DECAPITAÇÃO não sei de quem não sei por quem, ele é o Dr. M. Soares a dar tratos à moleirinha para demonstrar a existência destes crimes e de mais alguns, um nunca acabar de malefícios, e ninguém se importa!
Os magistrados de Aveiro acham, para além de qualquer dúvida, que o primeiro-ministro é suspeito de vários crimes. Que país é este?
Então desconfia-se assim do primeiro-ministro? Que país é este?
As outras almas estão preocupadas com outras coisas.
Os mais altos magistrados do país, depois de andar à trolha nos jornais sem contenção nem vergonha, fizeram as pazes na base de considerar que os tipos de Aveiro são umas bestas e uns atrevidos. Que país é este?
Os mesmos altos magistrados nem sequer percebem que, objectivamente, estão a atirar bóias de salvação ao primeiro-ministro. Que país é este?
Também não percebem que, não dando conhecimento a quem de direito (nós) das escutas que tudo motivaram, ainda menos dos doutos despachos que redigiram para safar o primeiro-ministro, estão, por um lado, a desacreditar-se e às suas funções e, por outro, a dar aos portugueses a certeza de que há coisas que insistem em esconder. O que, como é evidente, dá às almas a certeza certezinha de que o protegido dos altíssimos magistrados é o que as pessoas, há muito, pensam dele. Que país é este?
Um tal Mota, suspeitíssimo de andar a fazer pressão, com certeza atmosférica, vê o respectivo processo no jazigo da Maçonaria nos Prazeres, ou noutro sítio tão silencioso quanto esse. Que país é este?
No mesmo local deve descansar o processo Freeport. Já lá estão a universidade do primeiro-ministro, a Cova da Beira, as assinaturas de projectos suspeitos, ou as assinaturas suspeitas de processos, e mais não sei o quê. Que país é este?
Anteontem, um tipo que matou a namorada e confessou o crime, foi pacificamente enviado para casa, já que o juíz ficou seguro da doçura do fulano, coitado, e do insofismável facto de ser incapaz de fazer mal a uma mosca.
O crime parece compensar, ou não descompensar em demasia.
Ao pé dos parágrafos de cima, este caso, é um fait divers. Mas é exemplo, um entre muitos. Que país é este?
Infelizmente, este país é Portugal, o tal que deu mundos ao mundo e que foi, quase sempre, um país livre.
“O nosso Rei é livre, e livres somos nós” - gritava o povo. O Rei assegurava o cumprimento da Lei e a unidade do Estado. Era livre e protegia a Liberdade do seu povo. Hoje, o rei - leia-se, o poder - é livre, mas alicerça a sua liberdade no desprezo pelos demais.
25.11.09
António Borges de Carvalho