PROBLEMAS DO GADO VACUM
Uma manada de vacas aceitou um convite para ir a uma festa dada por um milionário desconhecido. Prestaram-se, até, a apresentar-se a um casting, que as seleccionou segundo as características do físico de cada uma.
Para desilusão da vacaria, o milionário desconhecido era o senhor Cadáfi, dito pederasta convicto pela má-língua internacional. Quer o seja quer não, ficaram as vacas a chuchar no dedo. Nem convites para dançar, nem para umas sessões de fotografia em cuecas, nem para uma selecção para um filme pornográfico, nem para acompanhantes do milionário em viagens de negócios à volta do mundo, nem para deputadas de um partido qualquer. Nada. Elas, que iam dispostas a tudo, vestidas para matar, ansiosas por dar o corpinho ao manifesto, acabaram por arrastar as minissaias, os decotes, os saltos altos e as faixas de gaja pela porta fora, depois de ouvir uma prelecção de islamismo primário e de ter amargado horas para obter um autógrafo do palhaço num grosso volume do Corão.
Pena é que a manada tenha sido de voluntárias italianas, cidadãs de um país civilizado, tão ávidas de se vender como as centenas de gajas, às vezes bem boas, que, todos os dias, enchem as bancas dos jornais portugueses com as bem pagas memórias das respectivas cuecas.
Apesar da geral desilusão da vacaria, há por aí outras más-línguas que, quem sabe se por conta do fulano, garantem que houve umas três ou quatro que, à boa maneira muçulmana, tiveram a sublime oportunidade de aquecer os lençóis da tenda do ditador do deserto. Grande amigo, aliás, do senhor Pinto de Sousa.
28.11.09
António Borges de Carvalho