FIM AOS PANOS QUENTES!
Andam as hostes indignadas com o comportamento do Pinto de Sousa e da dona Manuela no Parlamento. Dizem que assim não vamos lá. Que é preciso “estabilidade”, que os problemas que o país enfrenta são de tal ordem que é necessário abater bandeiras e dar à Nação a paz política indispensável para se sair da tremenda pessegada em que fomos metidos.
Por estas ordens de razão, as almas não percebem nem aceitam que a dona Manuela e o Pinto de Sousa percam tempo a insultar-se.
Postas as coisas nestes termos, as almas teriam toda a razão se estivéssemos numa situação normal, num país normal. Mas estamos em Portugal.
O primeiro-ministro é incapaz de responder seja a que pergunta for da chefe da oposição, isto é, responder responde, mas alhos contra bugalhos, insultos, provocações e ordinarices. O primeiro-ministro não tem um mínimo de condições pessoais para o ser, não tem, nem merece, um mínimo de credibilidade, bem pelo contrário. Por outro lado, foi sob a sua batuta que a desgraça foi criada. Nada, absolutamente nada, indica que tenha ou possa vir a ter talento para inverter as tendências actuais.
Por tudo isto, muito bem faz a dona Manuela quando o põe perante as suas malfeitorias, pessoais e políticas, as suas mentiras, as suas manifestações de desprezo pelos demais. Muito mal faz a dona Manuela em não ter começado há muito mais tempo a descobrir-lhe a careca, não ter, há muito tempo começado a exigir o resto da cabeça, todos os dias e cada dia com mais força.
O Partido Socialista, o Presidente da República, os órgãos de informação, se querem prestar algum serviço ao país, têm que perceber que, com este primeiro-ministro não há solução para nada. O fulano, como homem, não presta, só nos desonra e envergonha. Como político, é um demagogo, um vendedor de banha da cobra, um ignorante e um provinciano dos maus.
Tudo, a seu respeito, está politicamente provado: ineficácia, incapacidade para estimular a economia ou para libertar a sociedade das garras do Estado, total falhanço na redução da despesa pública, ausência absoluta de credibilidade pessoal, envolvimento contumaz nas mais variadas “histórias”, parlapatice infrene, desrespeito por tudo e por todos.
Não interessa se cometeu crimes ou não cometeu crimes. Não é disso que se trata, não judicializemos a política. O caso Pinto de Sousa é um caso de brutal e indiscutível falhanço político, de brutal e indiscutível falta de merecimento pessoal para o cargo, tudo à vista de todos, tudo, aliás, provado em eleições.
Não é a todos que cabe tirar disto as indispensáveis consequências políticas. Há órgãos para isso.
Antes de mais, se ao partido socialista ainda restar alguma dignidade, deve ser ele próprio a pedir a demissão de Pinto de Sousa e a nomear um substituto que possa provocar a tal estabilidade e a tal governabilidade que todos parecem querer.
Depois, cabe ao Presidente da República tomar as atitudes que, apesar de tudo, o seu cargo admite, sem para tal necessitar de recorrer ao golpe de estada, como, sem sombra de razão mas com o seu estúpido apoio, fez o seu antecessor.
Cabe à “informação” dizer a verdade aos portugueses.
E cabe à oposição, saneada que seja a chefia do governo, abater bandeiras e tratar de nos salvar.
Mais panos quentes é que não.
6.12.09
António Borges de Carvalho