NOSTRADAMUS DO SÉCULO XXI OU DA RESSURREIÇÃO DO BANDARRA
Como toda a gente sabe, o senhor Al Gore, profeta da nova religião, decretou que a humanidade está, por culpa própria, a caminho de uma hecatombe universal. O concerto das Nações resolveu pagar a uns tipos para confirmar as profecias gorianas. Aterrorizando as massas com uma versão “científica” do apocalipse, vai-se pondo em marcha uma operação de financiamento de inúmeras actividades tendentes a aplacar a fúria do cosmos contra as malfeitorias humanas.
Bem à maneira de Sodoma e Gomorra, na senda do dilúvio universal, mas sem valor simbólico, a religião goriana prevê para breve o cataclismo final. Isto, se os seus mandamentos não forem respeitados, quer dizer, não forem pagas pelas massas as massas que a nova “igreja” exige.
Como toda a gente devia saber, por culpa dos equilíbrios e desequilíbrios cósmicos, a Terra vai acabar como tudo o mais: um dia deixará de existir, ou de existir como tal. Amanhã ou daqui a três mil pentaliões de anos-luz. Tanto faz. A humanidade é incompetente para prever tal fim, muito mais para o provocar, adiar ou aproximar. Mas o gorianismo, sedento de poder e de dinheiro, não tem a ver com isto. É um assunto de fé. Não confessado como tal, mas de fé na mesma. Não se discute.
O nosso ilustre governo, como tantos outros apanhados nas malhas do novo pan-terrorismo místico-científico inspirado pelo senhor Gore - novo Nostradamus, genial Bandarra, emérito profeta - está preocupadíssimo com o assunto. Tratando-se de um país riquíssimo como o nosso, o governo prepara-se para dar à propaganda do senhor Gore a dízima que lhe é devida: trinta e seis milhões de euros, fora o que pingar em quotas de CO2.
Não se sabe quanto tempo vai durar o gorianismo. Mas sabe-se que uns milhares de “fiéis” vão ficar ricos com a coisa. O senhor Gore, por seu lado, já está riquíssimo, mas ainda quer mais.
As multidões, essas, são o que sempre foram. Sedentas de “causas” que as mobilizem, arranjaram a teima da “solidariedade com os pobres” para desculpar a crença nas crendices que lhes impingem. É evidente que os pobres só terão a perder com a pessegada das “culpas” de terceiros.
Tratando-se de fé, que importam as evidências?
13.12.09
António Borges de Carvalho