DOS NOBRES FEITOS DO “ZÉ”
Rezam as crónicas que o Costa anda para aí a espernear por causa de um tribunal arbitral que sentenciou a CML a pagar aos empreiteiros do túnel do Marquês a módica quantia de 23 milhões de euros. Negociações, reclamações, lamentações, discussões, enfim, parece que a coisa talvez se possa resolver com uns 18 milhõezecos. Esta irrisória verba tem duas origens: os trabalhos a mais e… os prejuízos causados por um tal Fernandes, auto-proclamado “Zé”, antigo pendura do Louça e actual sócio do Costa, fulano que nem estofo tem para trabalhar no lixo, quanto mais para vereador.
Computados os prejuízos que o “Zé” nos causou, entre paralisação da obra e danos causados a terceiros, somos capazes de ultrapassar os dez milhões.
Se eu requerer uma providência cautelar, se o juiz a decretar e se se vier a provar que eu não tinha razão, ninguém porá em dúvida que eu devo à outra parte, por danos e prejuízos de toda a ordem, a importância dos mesmos acrescida das devidas indemnizações.
Então, e o “Zé”? O “Zé” não só não paga nada como anda para aí a gabar-se do que fez. E ninguém lhe vai à mão! Nem o Costa, que poderia e deveria ter alguma dose decência no corpo acaba com a sociedade, nem os cidadãos, que tantas vezes se movimentam por dá cá aquela palha, fazem nada, nem há para aí nenhum procurador de Justiça que lhe caia em cima.
Nada.
Ninguém.
As alminhas comovidas, do Presidente da República ao Pinto de Sousa, passando pela generalidade da classe política – até o Preto anda na festa – tudo minha gente anda empenhadíssimo no nobre combate à corrupção. Um molho de leis vai ser produzido, sendo de garantir que cada uma será pior e mais inútil que a anterior. No fim, a classe política em geral ajeitará as melenas ao espelho, encantada consigo própria pelo seu triunfante combate legislativo.
Entretanto, a dona corrupção, patroa da maison close de tantos e tão gostosos pecadilhos e de não menos lucrativos pecadelhos, ficará exactamente na mesma, feliz e contente. Mais uma vez, os proclamados combatentes da moralidade pública (republicana!) foram complicar a forma em vez de tratar do conteúdo, isto é, das causas da corrupção.
No meio desta borrada, os mais corruptos de todos, à frente dos quais o “Zé”, sujeito e predicado da pior de todas as corrupções que é a corrupção moral e a fuga em frente perante os estragos causados, andam para aí, caloteiros e pidescos, a pavonear-se nos salões do poder.
20.12.09
António Borges de Carvalho