PONHA-SE A PAU!
Desta vez, nada de política.
Falemos de informática, marosca de que percebo aproximadamente nada, mas que utilizo com gosto e sofro q.b.
Aqui há tempos, alguém me mandou uma mensagem dizendo “queres ser meu amigo?”. Tratando-se de pessoa que já era minha amiga, tratei de saber do que se tratava. Piquei na coisa. Passos passados, eis-me metido no “Facebook”. Bom, lá estava a minha amiga, com fotografia e tudo, bem como mais uma série de criaturas que não faço ideia quem são e que se dedicam a anunciar o seu “perfil” e o seu focinho, na esperança de encontrar imateriais “amigos”. Alinhei, sem perceber que me metia numa camisa-de-onze-varas. Comecei a receber as mais inacreditáveis propostas. Não vou referi-las, porque não interessam.
O que interessa é que, dois ou três dias depois, decidi que era preciso sair daquela floresta de estupidez.
Para ajuda de alguém que me leia e que tenha problema semelhante, aqui vai o que acabei por descobrir.
Faz-se assim:
- Abre-se a janela “parâmetros”, depois activa-se o comando “conta”;
- Pica-se então em “desactivar”;
- Vai daí, entra-se com os respectivos dados;
- Depois pica-se em “desactivar a minha conta”.
Tudo bem. Mas, atenção! Todos os dados, perfil, fotografia, ligações, lista de “amigos”, etc., ficam, quietinhos dizem eles, nos servidores do tal “Facebook”, o que, evidentemente, quer dizer prontos para ser utilizados, sabe-se lá como ou por quem.
Quem queira livrar-se mesmo deste campo de concentração electrónico terá que trabalhar mais um bocado:
- Pica em “acolhimento” (o léxico pode variar), depois selecciona, em baixo, à direita, “a propósito”, “publicidade”, etc.;
- Vai ter a uma coisa que se chama “confidencialidade”, na rubrica “modo de emprego”;
- Desce pelo texto até à secção “políticas de confidencialidade e segurança na internet”;
- Agora, pica em “desactivação, supressão e contas de defuntos”;
- Escolhe a segunda opção, “quero suprimir a minha conta de forma definitiva”;
- No primeiro parágrafo, a máquina reza o conselho de “desactivar a conta conforme previamente explicado”(!), isto é, ficando lá tudo na mesma;
- No fim da última frase do segundo parágrafo pica em “aqui”, para enviar um formulário requerendo (não ordenando, note-se) a supressão definitiva da conta;
- Surge então uma simpática e muito democrática mensagem, chamando a atenção do infeliz para que jamais poderá reactivar a conta ou recuperar o seu conteúdo;
- Para confirmar, pica em “enviar”;
- Agora, pedem a palavra passe;
- O “cidadão” bota a palavra passe;
- Não sendo suficiente, mandam-no digitar o “código de segurança”;
- O “cidadão” digita.
Julga que chegou ao fim. Nem pensar!
- Tem de ficar à espera de uma “mensagem electrónica que lhe será enviada para autenticar o pedido”;
- Responde, autenticando.
Acabou-se? Não queria mais nada?
- Tem quinze dias para pensar;
- Se, durante estes quinze dias o filhinho do “cidadão” resolver ligar a máquina àquela coisa, está frito;
- De novo no “Facebook”, se quiser sair… volta ao princípio.
Voilá.
Não sei se os manuéis alegres e as anas gomes da nossa praça (lá vem a política…), sempre tão preocupados com aquilo a que chamam “direitos humanos”, se preocupam com as miríades de ditaduras desta natureza que andam por aí a condicionar a vida de cada um e a transformar aquilo que poderia ser um instrumento de liberdade num antro de ditadores apostados em tornar a pessoa humana num escravo dos big brothers que fabricam.
Também não sei se alguma “entidade”, da multidão de “entidades”, “autoridades”, “agências” que o socialismo criou e nós pagamos para fiscalizar a nossa vida, alguma vez se debruçou sobre este tipo de coisas, nem se as “comissões” que por aí andam à nossa custa, como a de “protecção de dados” são “competentes” para fazer seja o que for a este respeito.
Estamos entregues aos bichos, às bichas, às “entidades”, às “autoridades”, às “comissões”, às “agências”. E ao Pinto de Sousa.
Gaita.
24.1.10
António Borges de Carvalho