OS NOVOS FASCISTAS
Como os seus leitores habituais bem sabem, o IRRITADO é “céptico” no que diz respeito ao chamado “aquecimento global”, ora credor da eufemística designação de “alterações climáticas”.
Ao longo destas crónicas, tem o IRRITADO adiantado alguns argumentos que lhe parecem lógicos, isto para não se ficar pelo frio de rachar em que está metido, pela ausência, há uns três anos, de verões dignos desse nome e por tantas outras verificações empíricas que contrariam o politicamente correcto e estão à vista de toda a gente.
Desta vez, porém, vale a pena fazer algumas considerações de ordem “religiosa”, ou ideológica, se quiserem.
Num artigo de jornal, um senhor José Vítor Malheiros vem descobrir a própria careca e a dos “crentes”.
Antes de mais, queixa-se de que anda a ser vítima de umas “barragens de mails”, espalhados por infiéis que contestam as três verdades que, para os “crentes” são indiscutíveis e insusceptíveis de ser postas em causa, a saber: “a) o planeta está a aquecer, b) o aquecimento do planeta pode provocar uma catástrofe climática, c) o aquecimento do planeta é em grande medida de origem humana”.
Escusado será repetir que o IRRITADO acha que todas estas verdades são mentiras, já tendo vertido nestas páginas, umas quantas provas de que tem razão, das centenas, ou milhares delas que estão à disposição de quem se interessar pela coisa.
O homem queixa-se amargamente de haver gente que não acredita na “verdade” e que chega ao ponto, imagine-se a heresia, de “fornecer às pessoas links para sites que contestam o aquecimento global. Como quer arranjar uma explicação para a coisa, vai buscar a velha tese de que se trata de uma conspiração urdida e financiada pelo grande capital, a fim de poder continuar a vender petróleo e a produzir o tenebroso CO2, o tal que “aquece” o planeta. O grande capital pretende “apagar da mente dos cidadãos de todo o mundo o conhecimento que têm do aquecimento global”. E continua: “ O objectivo é apresentar o ponto de vista dos chamados ‘cépticos’ como sendo tão válido como o ponto de vista consensual na comunidade científica, defendido pelo IPCC, e forçar os media a tratar ambas as perspectivas de uma forma ‘equilibrada’, de forma a lançar a dúvida entre os cidadãos e a reduzir o apoio político ao combate ao efeito de estufa”.
O coronel Xis, do "exame prévio" não se expressaria com mais propriedade. Não só não é legítimo não estar de acordo com a filosofia oficial, como pô-la em dúvida significa estar a influenciar as pessoas para a desconfiança. Exemplar!
Os media, na ausência de “jornalistas especializados”, “são cada vez mais pressionados a produzir prosa a metro e onde a competência” cede perante a confusão com o balanced reporting. Assim, os media resumem o seu papel a citar os dois lados da discussão, estando tal discussão “viciada por interesses escondidos”. E esta, hem?
Tudo isto por acção do “lóbi da contra-informação”. Nem mais!
Estes pedaços de prosa têm que se lhes diga.
Para a ideologia dos Malheiros deste mundo, tal como para o Benito Mussolini e para o Mamud Amadinejá, as suas verdades são as verdades, e não há volta a dar-lhe. Os que não acreditam nelas não têm, sequer, direito de cidade na imprensa. O balanced reporting não se aplica, já que o “consenso da comunidade científica” não pode ser tratado em pé de igualdade com os milhares de cientistas, de academias, de universidades, de estudiosos, de simples cidadãos que, por esse mundo fora, têm o desplante de se confessar contra os malheiros.
Quem for contra os malheiros é servo do capital, das petrolíferas, do lóbi da “contra-informação”, dos “interesses escondidos”, é um produtor de “cacofonia”, um ser miserável e repugnante que nem sequer devia ter direito a dizer o que pensa. Muito menos terá a imprensa o direito de tratar da mesma forma os que dizem a “verdade” e os “outros”.
Se o profeta Al Gore, mestre da “informação correcta”, ganha centenas de milhões com a sua propaganda, isso nada tem a ver com dinheiro. Se os luminares do IPCC, que até já foram apanhados em monumentais trafulhices, arranjaram, à nossa custa, magníficos tachos, dirigidos não à investigação científica mas à “prova”, à tort ou à raison, de uma “verdade” pré-estabelecida, isso não, tem nada a ver com interesses. Os macacões que negoceiam em títulos de carbono, coitados, nada têm a ver com o capital. Não. É tudo uma espécie de congregação monástica vocacionada para o esclarecimento e a salvação da humanidade.
Já lá vai o tempo das cimeiras do ambiente (Ramsar, Nairobi…), que se preocupavam com a natureza, a vida selvagem, as zonas húmidas, a diversidade genética, a poluição industrial, substituídas que foram pela barulheira histérica da matulagem do Rio ou de Copenhaga. Tais fenómenos de massas também nada têm a ver com dinheiro…
A nova religião, a dos Malheiros, é totalitária por excelência e definição.
Não admira que haja quem diga, com cordilheiras de razão, que o problema não é o do aquecimento global, é o da defesa da Liberdade contra os novos fascistas.
A Terra, essa, continuará a girar, a aquecer, a arrefecer ou nem uma coisa nem outra, sempre que lhe dê na real gana.
Coitada da Terra, não tem culpa que haja malheiros e algores a ganhar a vida e a sentir-se uns semi-deuses à custa do que dizem dela.
12.2.10
António Borges de Carvalho