VIVA O REGICÍDIO!
Com a maior das indignações, um tipo chamado Luís Vaz, ao que dizem “historiador”, chefe de uma coisa que se pomposamente chama Associação de Promoção do Livre Pensamento, vem, de forma acerba, criticar os ilustres promotores das comemorações da desgraça que caiu em cima de nós em 5 de Outubro de 1910 por não ter incluído o regicídio em tais comemorações.
Acha ele que o assassínio do Rei foi um acto fundador da República e vai organizar uma romaria às campas do Buíça e do Costa, autores materiais de tão nobre gesto.
Tirando a história da romaria, o IRRITADO acha muito bem. É que, para que se conheça bem a “nobreza” dos sentimentos e da ideologia que levaram à implantação da República, é indispensável atender a esse inesquecível facto.
Acrescente-se que, através da corajosa atitude do tal Vaz e da sua associação, pelos vistos hodiernos representantes dos ideais do 5 de Outubro, atitude que contrasta com o escamotear do crime pelas instâncias oficiais, se pode aquilatar da qualidade do que, à nossa custa, se comemora este ano.
Pelos vistos, a III República, pelo menos em certos aspectos, é tão rasca como a primeira.
Pelos vistos, o “livre pensamento” do Vaz ainda é mais rasca que a III República.
15.2.10
António Borges de Carvalho