AJUDINHAS
O senhor Pinto de Sousa contratou a consultora Kreab Gavim Anderson (KGA), especialista em “comunicação financeira” e Public Affairs, para melhorar a imagem económica de Portugal junto dos investidores estrangeiros, acalmar os media internacionais e intervir junto dos analistas financeiros.
Como é que se soube disto?
Assim: a coisa veio publicada na revista Briefing. Por cá ninguém comunicou nada a ninguém. Se calhar era segredo de justiça. Ainda menos se sabe do concurso internacional que precedeu o contrato ou das consultas feitas pelo governo a tal respeito, ou se não houve nem concurso nem consultas, só preferências ou amizades ou interesses ou tudo ao mesmo tempo.
Se os mercados descrêem de Portugal é porque descrêem de um ministro das finanças que diz uma coisa hoje outra amanhã, que se enganou nos números não sei quantas vezes, que aumenta a despesa em vez de a diminuir, que diz que faz mas não faz, que mente sempre que precisa, que esconde o que devia mostrar.
Se os mercados não acreditam em Portugal é porque Portugal tem um primeiro-ministro para quem já não chega um armário para esconder os esqueletos, nem um palheiro para os rabos-de-palha. Um primeiro-ministro que toda a gente sabe que é – que sempre foi - um aldrabão e um pantomineiro.
Se os mercados não acreditam no país é porque Portugal está governado por um partido que se transformou num ninho de manigâncias, de trafulhices e de mentiras, uma máquina destinada a defender o indefensável e a privilegiar a circunstância em desfavor da substância, a forma em prejuízo do conteúdo.
Se os mercados descrêem de Portugal é porque observam o poder político em vigor e, evidentemente, não têm nem podem ter por ele qualquer sombra de respeito.
Diz-se por aí que Portugal sempre pagou as suas dívidas. Talvez seja verdade. O mal não está no país, está na camarilha socialista, na Constituição socialista, no Estado socialista.
Enquanto a III República se não livrar do pecado original que lhe corta as pernas, o socialismo, e não apear os que o representam, não haverá “agências de imagem” que nos valham, mesmo que pagas a peso de ouro, como deve ser o caso.
Cuidado, que é segredo!
20.2.10
António Borges de Carvalho