Cinco Coelhos
COELHO UM
De seu nome Miguel. Aparatchik emérito, ficou célebre quando apresentou uma moção a exigir o "feixo"(sic) da CRIL. Para além disso, é o chefe do partido do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) em Lisboa. À segunda, vai votar Cavaco. Fez tudo o que podia para acabar com o túnel do Marquês. Depois recuou, já o aceita, mas só até à Castilho. Correu com um seu camarada da Câmara. Detesta o Carrilho, mas aguenta que é serviço. Há-de ser deputado até morrer. Quem se puzer à frente está frito.
COELHO DOIS
De seu nome Carlos. Aparatchik consagrado, especialista, dizem os admiradores, em carregar com a pasta dos ministros. Saíu da obscuridade pela mão amiga da dona Ana Gomes, com quem se associou em tarefas pidescas. Sonha com o colapso de George W. Bush. Frequentador habitual dos aviões da CIA, onde, dizem as más línguas, viajava de borla, testemunhou os desmandos dos americanos, que não tratavam os tipos da alcaida com a devida deferência. Ganhou clebridade global, constando que o Mendes se quer ver livre dele mas não tem guts que cheguem.
COELHO TRÊS
De seu nome Jorge. Aparatchik de altíssimo coturno, especialista em tiradas tonitruantes com grande sucesso junto das massas ignaras. Tendo-se remetido a uma semi-disponibilidade, dedica-se a expender opiniões anodinas e abstrusas. Foi ministro, não se lhe conhecendo obra, mas gabando-se-lhe a digna passagem ao esclarecimento das bases. Feroz adepto da OTA, foi substituído no partido pelo senhor Pinto de Sousa (Sócrates). Consta que está na maior.
COELHO QUATRO
De seu nome Pero. Aparatchik medieval, adorava matar Ineses, o que lhe deu um lugar lendário na história de Portugal. O seu coração foi deglutido com castanhas - à época não havia batatas - perante os emulados cortesãos do Senhor Dom Pedro.
COELHO CINCO
De seu nome À Caçadora. Pronuncia-se coâlho na mourama, e coêlho a partir das beiras.
É um coelho bom, ao contrário de outros do mesmo nome.
Antigamente, comia-se, acompanhado de tinto e de fadunchos, num sítio - logo a seguir à Calçada de Carriche, hoje pasto de mamarrachos - carramanchão e tudo, chamado Retiro do Caçador (a caçadora era a mulher do caçador).
António Borges de Carvalho