INÊS DE MEDEIROS VI
Excelentíssima Senhora Dona Inês de Medeiros
Não calcula Vossa Excelência a alegria do IRRITADO por ver finalmente ultrapassado o caso das viagens de Vossa Excelência a Paris, cidade da luz, da cultura, da excelência, enfim, de tudo o que é próprio de uma excelência como Vossa Excelência, personalidade sem sombra de dúvida merecedora dos maiores encómios e do mais profundo respeito.
A estas donairosas considerações acresce o deslumbramento com que o IRRITADO teve a suprema dita de ver, no diário de Notícias, a forma natural, descontraída e elegante como Vossa Excelência, para uso estético do povo, teve a generosidade de se deixar fotografar, não sem antes ter ido ao cabeleireiro, à manicure e ao face building - passe o inglesismo – a fim de realçar o charme com que o Criador em boa hora teve a sabedoria de a dotar.
A pose com que brinda a ignara multidão a que o IRRITADO pertence, digna de Catarina de Médicis, beleza sem par docemente reclinada sobre degraus recobertos de vermelha passadeira, é motivo do maior deleite para todos nós.
Obrigado!
Hélas, nem tudo são rosas!
Sua Excelência o senhor deputado Lelo, ao abrilhantar com o seu voto de qualidade a decisão que iria fazer a justiça que Vossa Excelência merece, esqueceu-se das honras que lhe são devidas e equiparou-a aos ilhéus! Imagine-se a afronta!
Consultada a TAP, verifica-se que uma viagem a Ponta Delgada (tabela a que Vossa Excelência vai ter que se limitar), feita com alguma dignidade, isto é, em classe executiva, custa mais ou menos metade de uma viagem a Paris, daquelas que Vossa Excelência, com toda a justiça, costuma utilizar. Eu sei, eu sei que ainda lhe pagam o táxi até ao seizième e lhe dão 69 euros – interessante número, como diria o companheiro Amaral - por dia, para os seus merecidos atavios.
Mas não está certo! É de flagrante injustiça!
Um conselho amigo: verifique Vossa Excelência quanto custa uma viagem até ao Corvo, por exemplo. É capaz de ir buscar mais uns tostões para colmatar as dificuldades que lhe têm levantado.
Opina o IRRITADO, com a devida vénia, que Vossa Excelência deve continuar a sua justa luta. Esta de equiparar uma parisiense com um açoriano é coisa de intolerável baixeza. É como comparar a Torre Eifel com o vulcão dos Capelinhos, que nem activo é.
Força, Excelência! A luta continua.
24.4.10
António Borges de Carvalho