O VICE PRIMEIRO-MINISTRO
Não pouca gente começa a chamar ao Passos Coelho vice primeiro-ministro.
O problema não é o de saber se se trata de metáfora ou de oficiosa verdade institucional.
Problema é, no momento em que nos cai em cima o inevitável resultado do desnorte e da mentira socialista em que vivemos mergulhados há mais de cinco anos, vir o novo chefe da oposição em socorro do governo. Revolta os intestinos de qualquer um.
A aldrabice congénita do governo que temos foi posta em causa em Bruxelas, onde o senhor Pinto de Sousa levou uma histórica rabecada.
De lá saiu, com a habitual lata, dizendo que o governo ia tomar umas decisões. Leia-se que o governo, e nós com ele, foi de tal maneira humilhado pela Comissão Europeia, que Pinto de Sousa meteu o rabo entre as pernas e não teve outro remédio senão vir à sala de imprensa anunciar a saraivada de exigências que lhe tinham feito como se de sua imperial decisão se tratasse.
Perante isto, o seu challenger dá-lhe a mão! Co-responsabiliza-se pelas “suas” decisões!
A esperança que a eleição de Passos Coelho tinha dado às pessoas esfuma-se, assim, mais uma vez. Feito com o poder, um poder ineficaz, injusto, ignóbil, patético, o líder do PSD prepara-se para se afundar com ele, em vez de dele dar cabo.
O líder do PSD passou o mandato da sua antecessora a acusá-la de ser branda com o PS, de deixar passar o orçamento, de apoiar o PEC, etc.
Nunca, aliás, se lhe ouviu uma palavra de elogio à coragem com que a senhora andou dois anos a revelar a verdade que o PS, pior do que esconder, sempre negou.
Agora que a verdade de Ferreira Leite nos cai em cima como um tsunami, o senhor Passos Coelho passa para o lado do governo, em vez de usar o poder que tem para acabar com ele!
Que mais nos irá acontecer? É evidente que nada de bom.
13.5.10
António Borges de Carvalho