ALARVIDADES
Uma menina de óculos e farfalhuda cabeleira, que costuma atirar uns literários bitates no jornal privado chamado “Público”, revoltava-se, aqui há tempos, contra o insólito facto de a palavra Deus se escrever com letra maiúscula.
Não me deterei na crítica da ignorante argumentação usada pela odiosa criatura. Mas vale a pena o IRRITADO informá-la que se trata, pelo menos, de uma regra gramatical, na nossa língua como em muitas outras, regra à qual mesmo o mais repenicado dos ateus está submetido, sob pena de analfabetismo. Consultar a gramática portuguesa, que estabelece o que se escreve com maiúsculas, é fácil, não custa nada e, embora não dê milhões, é capaz de ajudar os ignorantes que escrevem nos jornais.
Ontem, veio a criatura escandalizar-se com o facto de, embora “não saiba” a que Pai se referiam os estandartes que havia na cidade, tal Pai ter ensinado muitas coisas às pessoas sem “ensinar nada sobre sida”.
Admire-se a sagacidade, a inteligência, a lógica, a cultura da cabeluda!
A sua indignação não fica por aqui. Os incómodos que, coitadinha, sofreu por causa da visita do Papa, são de molde a comover as pedras. Calcule-se que apanhou um táxi e levou 45 minutos de Alfama ao Príncipe Real. Se fosse a pé, que é muito mais ecológico, tinha feito a viagem mais depressa e dava músculo às coxas.
Metido o Benfica na misturadora mental da paranóica rapariga, ficamos a saber que, na mesma altura, coitadinha, “temeu pela vida”. Podia até ter sido uma das confirmadas 345 vítimas mortais do “glorioso”. Tendo conseguido “manter-se viva” apesar da formidável provação por que os benfiquistas a fizeram passar, a nossa heroína conclui que, ao pé de Lisboa, Joanesburgo é uma cidade deliciosamente segura.
Como o Papa movimenta mais pessoas que o Benfica, a conclusão da pequena é que “Aos 83 anos (Bento XVI), é o mais recente ponta-de-lança português”.
E mais não digo, porque me enjoa. Como é que gente desta tem direito de cidade em jornais tidos por sérios é coisa que não me passa pela cabeça tentar perceber.
15.5.10
António Borges de Carvalho