CARTA AO DIRECTOR
Para conhecimento dos seus leitores, o IRRITADO transcreve, a seguir, a carta que o seu autor enviou hoje, via email, ao Exmº Director do Diário de Notícias:
Lisboa, 26 de Maio de 2010
Exmº Director
Queira V.Exª tomar nota (e publicar se assim o entender) do meu mais veemente protesto contra a forma absolutamente enganosa como é introduzido o Discurso do Trono na vossa primeira página de hoje. A saber:
RAINHA PEDE CORTES NO MEIO DO LUXO
No primeiro discurso do trono de um governo de coligação em 58 anos, Isabel II afirmou que reduzir o défice é prioridade. Resta saber se a Casa Real, que custa 48,2 milhões aos britânicos, vai apertar o cinto.
Trata-se de um mimo de ignorância, aldrabice e de primária malevolência.
A saber:
a) Não se trata de luxo, trata-se de tradição, aliás barata, porque não precisa de comissões especializadas nem de inovações nem de cenários especiais, como se passa com qualquer anúncio de obras, as mais das vezes fictícias, do nosso governo;
b) O facto de Isabel II representar os britânicos há 58 anos - com inultrapassável eficiência e superior dignidade - quer dizer, além do mais que, em relação a Portugal, já poupou pelo menos 14 eleições presidenciais, no valor aproximado de 500 milhões de euros;
c) Não é a Rainha que "pede cortes", a Rainha, como suprema representante do seu povo, legitima o governo proveniente da escolha popular e as prioridades que ela implica;
d) A Casa Real, proporcionalmente, pesa bem menos no orçamento que a nossa Presidência, mais o nosso Presidente, mais os presidentes que já foram presidentes e já não são presidentes, sem contar com o referido na alínea b supra;
e) A média das três maiores repúblicas europeias, em custos da presidência, é de cerca de 150 milhões;
f) A Casa Real britânica custa hoje menos de que há 4 anos, ou seja, aperta o cinto mesmo que o DN não acredite.
Senhor Director
Eu sei que o DN, sob a sua batuta e a do "amigo Oliveira", é, sem que o confesse, republicano e socialista. Que defenda a "situação" percebe-se. Mas não precisa, para tal, de recorrer à deselegância, à calúnia e à insinuação torpe em relação um país, que não sendo nem republicano nem socialista, é uma das mais perfeitas, ou menos imperfeitas democracias do mundo.
Com os melhores cumprimentos
António Borges de Carvalho
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A ver vamos se a democracia do DN chega para publicar esta coisa.
ABC