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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

O SEXO DOS ANJOS

 

A crise tem tido inúmeros efeitos colaterais, quer dizer, fornece aos interessados as mais variadas desculpas.

É boa desculpa para os desmandos e a incompetência do governo, depois de 5 anos a gastar dinheiro, a prometer mundos e fundos sem nada cumprir, a meter-se nas mais inacreditáveis estrangeirinhas, com este gran finale das confusões com PEC’s e mais PEC’s, cada um mais estúpido que o precedente.

É má desculpa para o Presidente espezinhar, em nome dela, os seus próprios princípios.

A crise serve para tudo. Até para fazermos os possíveis para a disfarçar.

 

É assim que as classes supostamente pensantes, políticos, jornalistas, professores, intelectuais, etc., andam entretidíssimas com a peregrina história das eleições presidenciais. 

Que importância têm as eleições presidenciais? É uma boa pergunta, a que ninguém em boa consciência saberá responder.

 

Como é possível que as elites e, por influência delas, o povo em geral, se preocupem com a eleição de um senhor destinado a passar a vida a dizer coisas, e pouco mais do que isso?

Onde está a influência de tal senhor, para além de espicaçar o governo em discursos e em entrevistas de rua, qual treinador de futebol ou menina das telenovelas?

 

O que pode, verdadeiramente, tal senhor?

Não nos pode representar a todos, porque foi eleito por uma parte de nós e “deseleito” pela outra.

Representa a República? Sem dúvida. É o que diz a Constituição, por uma vez acertadamente. Em parte alguma está escrito que representa os portugueses, muito menos “todos os portugueses”, como reza a propaganda.

Quem representa República não pode, como todos os presidentes têm feito, andar a deslocar-se e a desbocar-se, em Portugal e lá fora, sobre coisas da política interna em que toma partido com frases sibilinas e críticas encobertas ou envergonhadas.

É por causa deste cargo que a Nação inteira anda a fazer contas? Parece que sim.

Vale a pena? Evidentemente que não.

 

A única vez que um Presidente exerceu o poder político que tem foi para cometer um indecente golpe de Estado, ilegitimamente destruindo uma maioria legítima, só porque tal maioria lhe não agradava. E para criar condições para pôr a sua gente no poder. 

O crime compensou, para o PS. Para o país, está à vista a obra do Presidente.

 

A falácia que o classifica o Presidente como representante “de todos nós”, começa, uma data de meses antes de ser eleito, a monopolizar as opiniões para um problema que não existe.

 

Trata-se de um impotente político com uma bomba de hidrogénio na gaveta. Para quê?

Passo a explicar.

Para dar ao governo desculpas de vária ordem. Para ser “força de bloqueio”.

Para se armar em “reserva”.

Para evitar que o governo caia, em nome de uma estabilidade que a ninguém devia interessar.

Para ajudar a empurrá-lo pela porta fora, como se isso fosse encargo seu.

Para desculpar a oposição de não cumprir as suas obrigações.

O Presidente da República, no nosso quadro constitucional, é um empecilho incómodo e desgastante.

 

Porque não eleger o Presidente no Parlamento, ou num colégio eleitoral restrito, em vez de gastar milhões de euros de impostos e de energias das pessoas, como se as governasse ou devesse governar?

 

Já que, por desgraça histórica, Portugal se viu privado de que representasse a Nação (coisa constitucionalmente inexistente), então que se arranje um homem bom, culto, bem educado, que fale três ou quatro línguas, que saiba estar em toda a parte, um senhor que não nos envergonhe e que nada tenha a ver, senão formalmente, com os negócios circunstanciais, em vez de um tipo com 51% dos votos, encarregue de andar metido em tudo e em coisa nenhuma.

 

Porque não se acaba de uma vez por todas com esta palhaçada do semi-presidencialismo à portuguesa?  

 

Não, não se acaba. A inteligentzia pátria não é capaz de perceber que as pessoas devem eleger os detentores do poder, não os berloques do regime republicano. 

Quem criou a coisa andava às ordens de duas escolas bem claras: o francesismo universitário, sem sequer o saber interpretar, e o jacobinismo histórico, que levou a abjurar de tudo o que pudesse cheirar a II República, sem ter em conta que, em Portugal,  quem inventou a eleição do Presidente por sufrágio universal foi o Estado Novo!

 

Portugal tem uma aversão brutal às coisas sérias. É por isso que se entretém, “guiado” pelas suas “elites”, com a veemente discussão das eleições presidenciais.

 

Os bárbaros (a miséria) à porta, e nós a discutir o sexo dos anjos.  

 

30.5.10

 

António Borges de Carvalho

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