A GAIOLA DOS MARICAS
Quando o senhor Pinto de Sousa aparece a exigir que lhe peçam desculpa pelos resultados da comissão de inquérito, tem carradas de razão. Na sua posição de primeiro-ministro, o engenheiro relativo está no seu direito de exigir que os parlamentares peçam desculpa às instituições e ao país pela borrada que fizeram.
É claro que não são essas as desculpas que ele pede. Especialista em fazer o mal e a caramunha, como tudo lhe tem sido permitido e continua a ser, é capaz de achar, a partir das pobres meninges com que foi contemplado pela criação, que os que o chateiam lhe devem desculpas, como se não fosse ele, morto o Saramago, o mais chato de todos os portugueses.
Vejamos o que, substancialmente, se passa:
O presidente da comissão opõe-se a que sejam utilizados os elementos de prova que ele próprio mandou vir e que lhe foram fornecidos por quem de direito, obviamente para ser utilizados.
Maricas!
O plenário da comissão não impugna a decisão do presidente.
Maricas!
O relator da comissão escreve que o senhor Pinto de Sousa sabia, mas disse que não sabia. Mas recusa-se a escrever que mentiu, e jura a pés juntos que nunca disse tal coisa.
Maricas!
O mesmo senhor escreve que o governo estava metido na marosca da PT/TVI, mas acha que não há suficiente matéria probatória.
Maricas!
O Passos acha que é evidente que o engenheiro relativo sabia e disse que não sabia e que o governo estava nos bastidores da urdidura, mas não considera que a coisa seja de molde a fazê-lo cair.
Maricas!
O PSD aprova o relatório que diz que o homem sabia e disse que não sabia, mas não tira daí conclusão alguma.
Maricas!
O Pacheco diz que está tudo provadíssimo nas escutas, mas não deita cá para fora as provas de que dispõe.
Maricas!
O Presidente da República finge que não vê.
Maricas!
Agarrados à barriga, os eméritos trafulhas riem como se ria a corte perante o cadáver do filho da Duquesa de Brabante. Ri o Rodrigues, ri o Canas, ri o Pereira e outros mais. Ri o engenheiro relativo.
Cambada de maricas, deixaram-se enganar, hi, hi!
Só a duquesa chora. A duquesa, neste caso, é Portugal, entregue que está à mesnada dos maricas e aos palhaços de serviço.
21.6.10
António Borges de Carvalho