DO PODER DOS CANALHAS
Não há dúvida que, em política politicamente correcta, a moral dos nossos dias e do nosso mundo nada tem a ver com a de há uns anos atrás.
Um conhecido bando de canalhas resolveu vandalizar uma série de bombas de gasolina no Reino Unido. Não houve intervenção policial que se visse. As pessoas ficaram sem combustíveis, os concessionários foram privados do seu comércio, a ordem pública foi severamente perturbada. Resultado, segundo os jornais: as bombas, por ordem dos canalhas, só reabrirão em determinadas condições, por eles impostas.
O mesmo bando, auto intitulado Greenpeace, tem sido, ao longo dos anos, autor dos mais diversos atentados aos bens daqueles de quem decidiu não gostar. Goza de meios financeiros incalculáveis, ao ponto de ser proprietário de navios e outros equipamentos de altíssimo preço, paga chorudos ordenados a um número indeterminado de prosélitos, viaja pelo mundo a seu bel-prazer, etc.. Não, não se trata de militantes de uma causa qualquer, trata-se de crime organizado e criminosamente financiado.
Quando a moral pública não era refém do politicamente correcto, tal gente seria julgada, a organização desmantelada, investigada a origem dos milhões utilizados e punidos os vandalismos a que se dedica.
Na moral de hoje, porém, estes tipos passaram de canalhas a “activistas”. Ser “activista”, seja do que for, parece ter-se tornado salvo-conduto para consideração pública, reconhecimento social. Pior, parece que, aos que são activistas, é reconhecido o direito a utilizar os meios que lhes der na gana para defender as suas teses, ou a suas maluquices.
Do outro lado do Atlântico, uns tipos auto-intitulados qualquer coisa como Wickyleaks (não sei se é assim que se escreve) resolvem fazer espionagem informática sobre uma guerra terrível que o seu país trava.
Não ponho em causa a justeza ou não de tal guerra. Não é o que, para o efeito, está em causa.
O que me é impossível aceitar é que documentos secretos importantes para a própria segurança dos militares em operações, sejam propagandeados pelo mundo, sujeitando ao ridículo e ao opróbrio o seu próprio país, sem que haja, na opinião pública, nos mass media, nas autoridades, na opinião pública, quem acuse tal gente de traição.
Como parêntesis, diga-se que isto faz lembrar as emissões que, de Argel, o senhor Manuel Alegre fazia, às quais não se sabe quantas vidas de combatentes portugueses se perderam. Um precursor, este camarada.
Na América e no mundo, o autor da electrónica tramóia tem direito a tempo de antena, a artigos de jornal, se calhar a montes de dólares, perante o terno olhar da dona Ana Gomes e de mais uns milhões de “progressistas”.
A moral pública do nosso mundo parece estar ou em mudança ou em crise. Ou foi tomada de assalto pelos malefícios do politicamente correcto. Um sinal evidente de uma civilização que parece comprazer-se na sua auto-destruição.
2,8.10
António Borges de Carvalho