VERDADEIRAS MENTIRAS
Cumprindo com rigor os ditames da filosofia oficial do governo, o ministro dos incêndios tem-se desdobrado em declarações de optimismo. Afinal, na opinião abalizada do senhor, os fogos, no tempo dos governos PSD/CDS, eram muito piores do que agora.
Só lhe falta dizer que estamos perante umas fogueiritas sem importância, a que as hostes de bombeiros, tornadas socialistas, põem termo em três tempos.
Na mesma senda, o notável senhor Valter (não, não é brasileiro), muito conhecido pelos chorrilhos de disparates com que brindou a Pátria quando era secretário da dona Lurdes (a da inducação), veio à liça, desta vez com o chapéu do “emprego”, afirmar que as “medidas – as inteligentíssimas medidas do governo – foram acertadas, produziram efeitos, e o crescimento económico ajudou… é a maior queda dos últimos anos de taxa de desemprego entre jovens”.
A que propósito disse o senhor Valter estas coisas?
A propósito de dados oficiais vindos a público, que confirmam o que toda a gente intui: há dez anos havia, em relação a 2010, o dobro do número de jovens empregados, isto sem que o número de estudantes tenha aumentado. Acresce que está provado que as camadas jovens, em termos de emprego, nunca estiveram tão mal.
Como é possível que um tipo, seja ele quem for, mas por maioria de razão sendo do governo, diga as parvoíces que diz?
Segundo os ditos números, as 590 mil pessoas no desemprego, mais 16% que há um ano, são menos duas mil que no primeiro trimestre deste (0,338%!).
O desemprego total mantém-se estável -10,6%, o que deve ser também uma notícia de arromba para o governo.
Diga-se ainda (esta é dedicada ao ministro dos incêndios) que a subida da taxa de desemprego, se disparou a partir de 2008 e já vinha a crescer sem parar desde 2003, se acentuou fortemente a partir de 2005 (sem ter nada a ver com a crise externa), ou seja, desde que esta gente tomou o poder.
Donde se conclui:
a) Que, aconteça o que acontecer, o governo tem sempre uma aldrabice na ponta da língua para dizer que aconteceu o contrário;
b) Que aos senhores Barroso e Santana Lopes não pode deixar de se aplicar o velho adágio: “depois de mim virá quem de mim bom fará”.
18.8.10
António Borges de Carvalho