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Em gloriosa jornada beirã, perante umas dúzias de zelotes arredondados em forma taurina para parecer muitos, o grande homem, longe das tábuas, entre histriónicos saracoteios e ferozes ademanes, ribombou as suas verdades.
Eis algumas:
- O desemprego está a descer;
- A economia está a recuperar;
- A educação está em grande progresso;
- A ciência está mais melhor porque gasta mais dinheiro;
- O Passos Coelho é um leviano.
N.B. As verdades proclamadas devem ter sido mais. O IRRITADO, porém, em manifesta falta de respeito pelo grande homem, não perdeu mais tempo com ele e pôs-se a ler um thriller americano muito mais interessante que as ditas verdades.
Nenhuma novidade.
O país inteiro sabe que o desemprego está a subir, que a economia está cada vez pior, que a educação anda pelas ruas da amargura, que a ciência está como está, ou seja, mais cara, e que o Passos Coelho pode ter muitos defeitos (o principal é o Bota), mas leviano não é, a não ser que deixe passar o orçamento e não vá a Belém exigir o fim do grande homem em nome do que resta de dignidade nacional.
O país inteiro sabe que, se quiser, é fácil saber a verdade. Basta pegar no que o grande homem diz, virar de pernas para o ar, e aí está. O grande homem, há cinco anos a esta parte, nunca fez outra coisa que não fosse recusar a verdade.
O Presidente da República é o único português que ainda não percebeu. Ou, se percebeu, assobia para o ar.
Assim vão as coisas.
Um aldraba.
Outro finge que não percebe.
Outros dedicam-se à nobre tarefa de proteger o aldrabão com poderosas armas e malabarismos alegadamente legais.
Se não formos nós, os levianos, a exigir um regresso à seriedade possível, ninguém o fará por nós.
22.8.10
António Borges de Carvalho