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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

CUBA E NÓS

O camarada Castro, cinquenta anos passados sobre a revolução de que foi autor e que, dizendo libertá-los, escravizou os cubanos, descobriu que, afinal, estava tudo errado. O sistema económico falhou, a escravidão reduziu o povo à fome e ao atraso, numa palavra, o socialismo teve, em Cuba, o mesmo resultado que se verificou em todos os países que a ele foram submetidos.

Esta serôdia auto-crítica, se feita com sinceridade, deveria levar o camarada Castro pelo menos à auto-flagelação ou, mais logicamente, ao suicídio. Em alternativa, cinquenta anos a impor um sistema e chegar à conclusão que o sistema imposto é, como a humanidade quase inteira já percebeu há que tempos, uma inenarrável e criminosa trampa económica, social e política, deve, ou devia, ser motivo suficiente para ser condenado a prisão perpétua no Tribunal de Haia, se houvesse justiça internacional, ou se o juiz Garzon fosse isento.

Quantos morreram por causa do regime castrista, quantos passaram, sem culpa nem julgamento, boa parte da sua vida nas prisões comunistas do Castro, quantos foram torturados, estropiados, maltratados à ordem do canalha? Como explicar que, como por toda a parte onde esta gente imperou ou impera, milhares de milhões de pessoas tenham sido assassinadas, reduzidas à miséria, à falta dos mais elementares benefícios da civilização, à carência alimentar, à vergonha de assistir impotentes aos privilégios das gentes do partido, à vilania de ver as suas filhas vendidas aos estrangeiros nas praias e nos hotéis, à desonra de andar a vender-se por uns dólares – a moeda do “inimigo” – para obter as coisas mais insignificantes e comezinhas?

A explicação é só uma: o socialismo, cujo resultado nunca foi outro.

 

A política tem, às vezes, um carácter quase bíblico. Castro é louvado, qual filho pródigo, pela malta da política. Em vez de condenado, é elogiado. Mais vale tarde que nunca. É como se o Hitler e o Estaline ressuscitassem e dissessem que, afinal, se tinham enganado: perdoar-se-lhes-ia os crimes? Pois com Fidel, parece que sim.

 

O mano Raul já andava há tempos a dar grandes benesses ao povo. Tinha, até, autorizado as massas a comprar torradeiras e micro-ondas. Agora, animado pelas palavras do chefe, tratou de pôr na rua 500.000 funcionários públicos. Que se desenrasquem. Que abram tascas e lojas de telemóveis, bordéis e sex-shops, o que lhes apetecer desde que deixem de andar pendurados no Estado!

 

Bons exemplos para nós. Quando, a breve prazo, deixarmos de ter dinheiro para torradeiras e micro-ondas, a solução será parecida. 500.000 funcionários para a rua talvez seja demais. Uns 450.000… quem sabe?

 

Entretanto, imagine-se, há quem diga que o camarada Kim Jong Il, já abriu umas frestas.

A ser verdade, dentro de pouco tempo só em Portugal haverá lugar a Jerónimos e a Louças, ou a partidos socialistas ultra-reaccionários como o nosso, que proclama não mexer em nada que nos possa safar da miserável enrascada em que nos meteu com o seu socialismo de pacotilha, feito de promessas falsas (como as do Castro) de ruína financeira (como a do Castro) de estagnação económica (como a do Castro), ainda que, reconheçamos, com uma tal dose de demagogia e de capacidade para a mentira, que consegue almejar os mesmos resultados do Castro sem precisar de acabar com a democracia, antes transformando-a na mais profunda aldrabofonocracia de que há memória e fundando-a na ignorância de um povo ingénuo, crédulo e desinformado.      

        

17.9.10

 

António Borges de Carvalho

4 comentários

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    irritado 18.09.2010

    Confundir alhos com bogalhos não me pareceria próprio de si.
    Coisas boas, há em tudo, havia-as no estado novo, se calhar também as há em Cuba. Não é essa a questão.
    Se não fosse a "resistência" americana, teríamos tido, como o Fidel confessou, uma guerra nuclear. Além disso, se não fossem os EUA, para onde teriam ido os 1.800.000 cubanos que fugiram à ditadura? Eram todos "fulgencistas"?
    E, se não fossem os EUA, quem teria protegido uma Europa que sempre se recusou a precaver-se, mesmo depois de se ter envolvido numa guerra que os americanos vieram resolver à custa de centenas de milhares de mortos seus?
    Às vezes somos levados a esquecer o essencial a favor do circunstancial.
    Agora, que os EUA se vão, por evidente necessidade estratégica, "esquecendo" da Europa, cá anda a Europa, desarmada, cheia de vícios, de "direitos", de "princípios", sem poder pagar os monstros que criou e sem ser capaz, sequer, de defender o que lhe resta. Vivemos meio século de boa vida, não há dúvida. mas não fomos capazes de criar a tal sustentabilidade de que tanto se fala.
    É por isso, por exemplo, que, entre nós, as "verdades" do PM são o que são. É por isso que andamos entretidos a pagar moinhos de vento, a pagar "direitos" de CO2 e outras balelas da moda, em vez de tratar do que interessa.
  • Sem imagem de perfil

    Filipe Bastos 18.09.2010

    Até concordarei com boa parte do que pensa sobre Castro, mas jamais estaremos de acordo sobre os EUA.

    Não me chocam os muitos imigrantes cubanos que recebeu e recebe, tendo tido parte activa na miséria do seu país.

    Aliás, nos últimos 60 anos, que outra coisa fizeram os EUA senão intervir nos países dos outros, conforme lhes deu na real gana? Coreia, Vietname, República Dominicana, El Salvador, Nicarágua, Panamá, Filipinas, Kuwait, Iraque, Angola, Moçambique... Mesmo os maus da fita oficiais - Saddam, Bin Laden - tiveram mão americana, como é público.

    A II Guerra Mundial, foi provavelmente a melhor coisa que já lhes aconteceu: além da mão-de-obra qualificada que receberam "à borla", sobretudo cientistas alemães, conseguiram ficar a tomar conta disto até hoje.

    Até ficaram como os "salvadores" da Europa, nos livros de História escritos por eles próprios, quando foi o camarada Josef que sacrificou 20 MILHÕES dos seus cidadãos, para derrotar a máquina nazi. Sempre gostava de ver o que teriam feito os fantásticos americanos, se em Junho de 41 tivessem sido eles a levar com toda a força de Hitler, pelas suas fronteiras dentro.

    Esse "what if" nunca aconteceu: a canalha americana gosta é de bombardear os outros, lá longe, quanto mais longe melhor. Até hoje, não sabem o que é sofrer uma guerra dentro do seu próprio país. Tiveram de ser eles a implodir umas torres, e matar uns poucos milhares, para causar a maior histeria de sempre - e motivar a morte de centenas de milhares de desgraçados, do outro lado do mundo.

    Mas enfim, já me alongo demasiado, e as "teorias da conspiração" começam a vir ao de cima...
  • Sem imagem de perfil

    ManuelB 19.09.2010

    Caro Filipe,

    Não faz sentido determo-nos muito na 2ª guerra mundial, que já vai bem longe, quando é bem mais premente que nos cinjamos ao presente.

    No entanto, quando falarmos do passado, há conveniência em tentar lê-lo como se passou, olhar quanto possível a fotografia no conjunto e depois de olhá-la, ver o que se olhou, entender o que se viu, aprender com o que se entendeu – e sobretudo opinar perante o que se aprendeu.

    Quando diz que Stalin sacrificou (suponho que lhe atribui pesar nessa perda) 20 milhões de compatriotas para derrotar a máquina nazi, ao passo que os americanos se instituíram injustamente em heróis, falha bastante à verdade dos factos.

    Stalin nunca mostrou a menor hesitação em mandar matar os seus concidadãos, mesmo sem a ajuda de Hitler e há cálculos com bastante veracidade histórica que enumeram as suas vítimas na proximidade dos 50 milhões e mesmo mais.

    A sua sanha ficou bem patente durante a retirada da Wehrmacht, em que Stalin não perdoou aos lituanos, bielorrussos e ucranianos terem recebido os alemães como libertadores do jugo soviético, no Verão de 41 – e tratou-lhes da saúde.
    Não se esqueça que ele era georgiano.

    Tal como exigiu em Potsdam ou já em Ialta, não sei bem, que lhe fossem entregues todos os prisioneiros de guerra russos estacionados na zona dos Aliados, e os pobres saíram dos campos de concentração alemães directamente para os da sua terra.
    Pelo sim, pelo não, foram dizimados.

    E levou as exigências mais longe, ao ponto de obter que todos os russos que estivessem no Ocidente lhe fossem entregues.
    Até os refugiados vivendo em Inglaterra desde a revolução de 1917 foram metidos à força em comboios (como os judeus na Alemanha) e enviados para a URSS, onde podemos imaginar o que lhes sucedeu.

    Não acredito que sustente que a entrada dos Estados Unidos e o seu poder industrial ao serviço do armamento não veio decidir definitivamente a sorte da guerra.

    Sobre a “boa imprensa” de Castro, uma breve nota: quando da guerra de 75 em Angola Fidel aproveitou para se imiscuir no conflito ao lado do MPLA, a um tempo escoando os universitários desempregados e ajudando a decidir o rumo da guerra.

    Quando são os americanos, é “ingerência na vida interna do país”. Com Fidel foi “aconselhamento” (os soldados eram todos conselheiros, pois claro). Os russos entraram com o dinheiro, os cubanos com homens, e toda a gente a assobiar para o lado.

    Quem quiser que acredite que Fidel está repeso. O arrependimento de um hipócrita será sempre apenas mais um acto de hipocrisia.
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