DESGRAÇA!
Tem-se ouvido por aí, da parte de comentadores afectos ao governo que temos, afirmar que o dito não tem qualquer obrigação de prestar contas sobre a aplicação do PEC II. Ao ponto de haver uma criatura que diz jamais ter sido o caso, pelo menos previamente à apresentação do orçamento.
Se calhar até tem razão. Recordemos, por exemplo, que o senhor Pinto de Sousa, coitado, ao tomar posse, como não sabia as contas que estavam para trás, teve de encomendar ao camarada Constâncio um orçamento “especial” - que faria inveja ao Bandarra -, demonstrando que o défice era de mais de 6%, coisa que jamais constou de quaisquer contas e não se encontra referido no Eurostat nem qualquer documento autêntico, anterior ou posterior à tal posse. O orçamento Constâncio, “especial” e “futurológico”, viria a servir para construir novas “verdades” e para enaltecer a grande obra que o senhor Pinto de Sousa viria a realizar e que está à vista de todos.
Presentemente as coisas apresentam-se de forma totalmente diferente. O PSD não exige que o governo apresente contas sobre uma execução orçamental que ainda não findou. O que exige é que o governo preste contas sobre a execução de um acordo que, com grande sentido de Estado, o PSD subscreveu e cuja execução tem todo o direito a conhecer. Acresce que tudo indica que tal acordo foi celebrado sobre uma proposta do governo que não passava de mais uma das aldrabices em que é especialista, ou que foi executado com os pés. Isto porque, como é evidente, os resultados demonstram uma coisa ou outra, ou as duas, e à saciedade.
A confirmá-lo, aí está o rapazola do beicinho à banda a declarar que “o Governo – o gê maiúsculo é dele – não tem mais informação” a dar sobre o PEC II. Uma afirmação que confirma, sem deixar sombra de dúvida, todas as certezas acerca da total ausência de seriedade desta gente, a sua brutal incompetência, a sua arte da mentira esgrimida como se fosse a mais séria das verdades.
O rapazola do beicinho à banda, marionete do senhor Pinto de Sousa, é bem uma das repugnantes imagens do poder político que entre nós vigora.
O nosso drama é termos uma constituição que não permite dar, quanto antes, guia de marcha ao beicinho para a escola primária de Mentirokusen, na Namíbia, e, ao Pinto de Sousa, para a câmara de Aldrabarém, na Papuásia, levando consigo a escumalha que o segue e apoia. Até as alfurjas agradeceriam.
A nossa triste sina, com o esmerado apoio do Presidente da República, é ficar entregues, pelo menos mais um ano, às contas de somir desta gente.
Maior desgraça, não sei se há.
23.10.10
António Borges de Carvalho