SOMOS OS MAIORES!
Os portugueses estão habitudaos a levar na cabeça com estatísticas. Somos os menos produtivos, os menos instruídos, os mais pobres, estamos abaixo da Grécia, da Eslovénia, dentro em pouco já nem aos calcanhares da Chéquia chegamos, a Eslováquia já vai à frente, dentro de dois ou três anos seremos os mais ridiculamente atrazados de toda a UE.
Nem tudo, porém, são desgraças, a roer-nos a autoestima. Há coisas em que estamos entre os grandes, os maiores, os mais ricos! Veja-se o que se passa, e é um mero exemplo, com os preços da gasolina. Somos o terceiro da Europa, a contar de cima! No que se refere aos combustíveis em geral os nossos preços sobem mais que na Europa! A descida do preço do petróleo levou a descidas dos preços da gasolina em vinte e um países da UE. Só quatro, no mesmo período os aumentaram. Desses quatro, somos o segundo! No que à carga fiscal sobre a gasolina diz respeito, somos o sexto dos vinte e cinco! No gasóleo, infelizmente, somos mais modestos, ocupando só o décimo lugar.
E ainda há quem diga que não somos os maiores! Profetas da desgraça, velhos do Restelo, forças de bloqueio!
Por todo o mundo, nas mais distintas universidades, nos mais exigentes think tanks, não há já quem se não debruce, com veneradora admiração, sobre o case study mais successful deste princípio de século: a receita socrapífia para o relançamento social e o desenvolvimento económico. Como segue:
- Aumentar tantos impostos quanto impostos houver para aumentar, e tanto quanto aumentar se puder;
- Manter a despeza do Estado em níveis pelo menos não inferiores aos do costume;
- Inventar défices altos, para poder dizer que se desce os reais;
- Cortar nas reformas e nos medicamentos para os velhos;
- Fechar maternidades para não aumentar o número de cidadãos;
- Abrir clínicas de aborto com a mesma finalidade;
- Prometer obras faraónicas que entretenham o pagode e façam correr umas massas para certo pessoal.
Somos os maiores, ó gente!
António Borges de Carvalho