DIA DE GREVE GERAL
1 - E PRONTO!
Leio, numa página de jornal, que as seguradoras “lucraram 272 milhões de euros nos primeiros 9 meses do ano”. Noutra página do mesmo jornal, dou com a afirmação de que “é preciso subir os preços dos seguros para recuperar a rendibilidade do sector”.
Contradição? As profundezas da minha ignorância admitem que não. Mas alguém devia explicar. 272 milhões em 9 meses é pouco? Talvez. Tão pouco que seja preciso subir os preços? Talvez.
É possível que os milhões se dividam de forma não equilibrada. Se assim é, haveria que explicá-lo: há seguradoras que estão bem, outras que estão quase falidas. Será?
Ninguém sabe nada, ninguém esclarece nada. Aumenta-se os preços, e pronto. Um hábito que se espalha pelo país fora. Ninguém esclarece ninguém, e pronto.
Não vivemos num país em que a oposição já fez milhares de perguntas ao primeiro-ministro sem que ele tenha respondido a uma só?
As seguradoras têm toda a razão. Aumenta-se os preços, e pronto.
Deve haver para aí alguma “entidade”, algum “alto-comissário”, algum “supervisor”, algum vendedor de hortaliças que ache muito bem.
É para isso que lá estão, não é? Dar satisfações é coisa que não faz parte do job description desta malta.
2 - GOODNESS, IS GIDNESS!
Aqui há meia dúzia de anos, fui a uma tasca irlandesa que há no Cais do Sodré.
Sentei-me. Veio um fulano. Declarei que queria uma imperial. O fulano olhou para mim como se eu fosse um verme, e disse:
- I beg your pardon…
- Uma imperial, se faz favor.
O macaco não sabia o que era uma imperial. De português nem uma palavra. Só um arzinho todo contemptuous.
É evidente que me vim embora sem imperial nenhuma.
É evidente que nunca mais entrei em nenhuma tasca irlandesa, em Portugal ou fosse onde fosse.
A mesma tasca, de seu nome O’Gilins Irish Pub, vem, na primeira página de um diário, lançar um grito de desespero: “vamos ajudar a Irlanda!”, dizem os rapazes. Pelos vistos, para fazer uns trocos já aprenderam a falar português. Propõem, então, duas Guiness pelo preço de uma.
Dupla aldrabice. Não estão a ajudar a Irlanda nem estão a dar nada a ninguém. Estão a ver se sacam mais umas massas ao “tuga”.
É de julgar, com foros de certeza, que se trata de um swap, isto é, que a tasca em causa paga o anúncio ao jornal com uns cachorros, umas tripas à irlandesa e umas Guiness.
Se estes tipos representassem a Irlanda, haveria que a mandar àquela parte.
3 - A FOSSA DELES E A NOSSA
Os irlandeses atascaram-se em “produtos tóxicos”, uns de produção local, outros importados do tio Sam.
Daí, entraram no cano. Mas, se não considerarmos estas bolhas, a economia irlandesa é altamente produtiva. Mais do dobro da portuguesa.
Daí, as diferenças entre um país e outro.
A Irlanda tem um problema financeiro terrível e um problema económico relativamente fácil de resolver. Não é por acaso que o investimento estrangeiro cresce por lá a olhos vistos.
Cá no jardim, o problema financeiro não é tão terrível, se descontarmos as asneiras do governo (BPP/BPN etc.). Mas a economia, a produtividade, a vontade de trabalhar e organizar, não existem. A economia estiola e, com a ajuda do governo, vai entrar em recessão. O investimento estrangeiro não quer nada connosco.
Dos dois, quem sairá da fossa mais depressa? Infelizmente, não é difícil responder à questão.
4 - QUATRO MILHÕES E QUINHENTOS MIL EUROS
É o que a economia portuguesa paga pelas 300 mil toneladas de CO2 que produz.
É o mais rendoso de todos os negócios. Melhor que a banha da cobra. Os chineses e quejandos têm milhões e milhões de créditos de CO2 para vender. Estão forradinhos de dólares “verdes”. Os “brokers” estão inchados com negócios chorudos por todos os lados. Os preços tendem a aumentar, é um fartote!
O chamado primeiro mundo, do qual, sabe-se lá porquê, fazemos parte, suporta a canga do CO2 que, estupidamente, criou e promoveu, com os outros “mundos” agarrados à barriga, a rir que nem uns tontos.
Tontos somos nós. Enganados pela ONU, que viu no CO2 uma oportunidade de ouro como embrião do “governo mundial”. O nosso mundo especializa-se na criação dos instrumentos necessários para acelerar o caminho para a servidão.
Indiferente a toda esta pessegada, o planeta aquece e arrefece a seu bel-prazer. Está-se nas tintas para o CO2.
5 - DOIS MIL E SEISCENTOS MILHÕES
Foi o que a malta exportou para as ilhas Caimão.
1,6% do PIB.
Já lá “temos” 12,8 mil milhões.
Parece que dinheiro não falta, pelo menos do que está a salvo das manigâncias do governo socialista.
As seguradoras são os campeões da actividade exportadora de dinheiro. Deve ser por isso que precisam de aumentar os preços: para aumentar a actividade, pois então!
A grande distância delas estão os bancos. Precisam de dinheiro por cá. Somados, são 70% do total.
O resto são minhocas. Algo me diz que as maiores minhocas são as chamadas “empresas do regime”, aquelas que o regime trata como o Doutor Oliveira Salazar tratava as do regime dele, mas com mais inteligência.
Sendo certo que, formalmente, a actividade exportadora está correcta e não pode ser posta em causa, haverá que perguntar porque é que quem tem dinheiro o manda daqui para fora. Pergunta que podemos ter a certeza de não ter resposta, pelo menos se for posta ao governo.
24.11.10
António Borges de Carvalho