INSIGNIFICÂNCIAS
Dona Fernanda Câncio, muito conhecida na sua qualidade de ex amante (?) do senhor Pinto de Sousa, grande defensora de tudo o que é “progressista”, seja lá o que for o progresso na sua privilegiada cabecita, prosélita militante da omnipotência do Estado e da estandardização das pessoas segundo os seus critérios, vem à liça condenar veementemente os pagamentos de serviços de educação feitos pelo Estado às escolas privadas, coisa que o governo que temos quer anular ou encolher.
À primeira vista, a mulher até tem razão. Pois se os papás resolvem pôr os filhinhos na privada, que se arranjem, que paguem. O Estado não tem nada com isso.
Aliás, a criatura “não sabia” que, dos impostos que diz pagar, havia uma fatia que ia parar às mãos de tais privados. Revolta-se, cheia de razão, contra estes privilégios de uns tipos que negoceiam com a educação e que, ainda por cima, recebem dinheirinho do nosso.
Na senda do “pensamento” de impolutos democratas como os camaradas Jerónimo e Louça, pelos vistos seguidos também pelo nosso espantoso governo, cância protesta contra a “desigualdade”, melhor dizendo, contra esta falha grave na estupidificação generalizada das gerações actuais e seguintes, que o Estado tão generosa e tão “igualitariamente” proporciona.
Na sua extremada defesa do poderio estatal, a cância não dá por alguns detalhes:
a) O ensino público não é gratuito para ninguém, é pago com os nossos impostos, não cai do céu nem sobe do inferno;
b) Segundo a OCDE, o ensino público custa aos nossos impostos €5.200/aluno/ano;
c) A mesma fonte descobriu que o ensino privado contratualizado, não subsidiado mas contratualizado, custa €4.200;
d) O ensino privado não contratualizado custa zero.
Se a cância tivesse alguma sombra de escrúpulo, ou fosse menos jacobina, talvez percebesse que, se há “despesismo”, é nas escolas do Estado, não nas privadas.
Se tivesse alguma consideração pelos seus concidadãos, aplaudiria os serviços dos privados, que introduzem alguma pluralidade no ensino, “fugindo” à estatal “rebanhização” da sociedade, a qual, mau grado algumas tímidas excepções, é filosofia oficial da república e o pauperismo do futuro.
Se a cância tivesse alguma, vaga que fosse, noção de como é preciosa a diversidade social, proporia que todas as escolas, do Estado, das autarquias, das religiões, das empresas, das cooperativas, fossem contratualizadas, sendo cada uma responsável pela sua gestão, os seus métodos e os seus resultados.
Se a cância pensasse duas vezes, se calhar perceberia que a função do Estado, nesta área, deveria ser a de avaliar e fiscalizar a aplicação dos contratos que estabelecesse com as escolas. O mercado encarregar-se-ia da avaliação não administrativa.
Mas a cância, como os seus inspiradores ideológicos, não tem consideração por nada nem por ninguém, não sabe o que é a diversidade, não pensa duas vezes.
Se é que pensa uma, pensa que o que é preciso é aplicar a cartilha do estatismo a torto e a direito, que é o que a ideologia manda e a luta contra a Liberdade determina.
27.11.10
António Borges de Carvalho