O TEXUGO TERRORISTA
Rechonchudo, adiposo, a ressumar salsichas fritas por todos os poros, bacon, ovos mexidos, feijão encarnado e panquecas, cabelame empastelado de grease, com ar de suíno na engorda, cara de peido contido, o senhor Al Gore veio até nós com a sua mensagem terrorista, já convertida em filme e livro, e espalhada pelo mundo em mais de mil conferências.
A nata do politicamente correcto fez questão de estar presente. Até o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) o recebeu com pompa e circunstância. A imprensa incensou o fulano, não esquecendo sublinhar que se deslocava num Lexus de super luxo, mas com propulsão híbrida, pois então, que, em matéria de CO2, no que respeita ao senhor Gore, só os descuidos intestinais são inevitáveis.
O nacional-saloiismo regurgitou orgulho por tão ilustre visita, as meninges a arder de extasiada contemplação. Até os que ficaram à porta, (o dr. Júdice, por exemplo), gulosos como os meninos pobres do Dickens a olhar as lojas de brinquedos, se babavam na mira do santuário onde ecoava a apocalíptica mensagem,.
O fulano já disse, repetiu e re-repetiu, urbi et orbe, a sua ilustre cassette, pelo que não vale a pena voltar a opinar sobre a substância da mesma (cf. "Do Aquecimento Global", post de 23 de Janeiro).
Duas afirmações do adiposo camone são, no entanto, de reter:
a) "A crise climática é uma oportunidade", disse ele. Ai não que não é. Já lá vão mil conferências, dizem os panegiristas. A avaliar pelo custo da que foi "oferecida" aos zelotas cá do sítio (€ 200.000), o homem já "movimentou " duzentos milhões de euros, só em conferências. Se uns modestíssimos dez por cento forem creditados na sua conta, vinte milhões já lá cantam. Acrescentando os lucros do "documentário", fácil é concluir que os otários já devem ter entrado com outro tanto. Resta o livro. Consta que vai nos sete milhões de exemplares. A uma média de preço, por defeito, de quinze euros cada um, se o adiposo receber dez por cento de direitos de autor, mais dez milhõezitos é canja.
É evidente que o homem tem carradas de razão quando diz que o terrorismo ambiental é "uma oportunidade". Pudera!
b) Cá no síto, os donos da razão perguntaram ao homem porque é que o inenarrável George W. Bush, uma besta quadrada, não tinha querido ratificar o Protocolo de Quioto. Fugindo-lhe a boca para a verdade, o fulano respondeu que, à data da assinatura da coisa pelo Presidente Clinton, havia um único senador, dos sessenta e sete necessários, que estaria disposto a votar a ratificação. Não valia, sequer, a pena pôr o assunto ao Congresso. A assinatura do protocolo pelo presidente Clinton terá sido um gesto bonito, mas inconsequente.
É evidente que os donos da razão continuarão a invectivar o Bush por condenar à morte o planeta em que vivemos. Mas valeu a pena a visita do gorducho, mais que não seja para que, pelo menos os meus leitores, fiquem cientes da verdade.
António Borges de Carvalho