A HOSPITALIDADE NACIONAL
Aqui há uns anos, era primeiro ministro o senhor Barroso e ministro dos negócios estrangeiros um tal Cruz, houve uma bronca monumental nas intâncias da diplomacia europeia porque, por causa de uma conferência qualquer que se ia realizar no Porto, o nosso governo resolveu dar visto de entrada ao sanguinário ditador da Bielorrússia, fulano que, dados os atropelos do seu regime, estava impedido de entrar em qualquer país da UE.
A coisa parece não ter servido de lição. O governo que hoje temos está a tratar de fazer passar as nossas fronteiras o ditador do Zimbabué, indivíduo que tem motivado, por acção que não por omissão, matanças, assaltos armados, legiões de expropriados e expulsos, que não respeita, antes persegue, os seus opositores políticos, que lançou o seu país, outrora próspero, na mais radical miséria, que dá mostras de brutal radical racismo, que já foi expulso do Comonwelth e que é persona non grata em todo o mundo civilizado.
O argumento é o de que vamos receber por cá, lá para o fim do ano, uma cimeira EU-África, e que a África, coitadinha, não ficaria bem representada se tal criminoso não viesse, com as honras de Estado que lhe são devidas. Além disso, opina o governo, poderia haver alguns países africanos, apoiantes do canalha, que não viessem sem ele. Não importa, sequer, ao dito governo, que haja países da UE (com o Reino Unido à frente) que possam deixar de cá vir se o fulano se apresentar ao serviço. O que importa, segundo parece, é esta “grandeza de alma” de a todos receber, como se todos merecessem ser recebidos e mesmo que isso desrespeite compromissos tomados, e assinados, em nome de todos nós.
Mais um serviço que vamos ficar a dever ao senhor Pinto de Sousa (Sócrates)?. A ver vamos.
António Borges de Carvalho