FELIZ NOVIDADE - PAN!
Animem-se os espíritos que a crise e o governo, realidades gémeas e afins, têm desanimado. A salvação da Pátria está, finalmente, à vista!
Nasceu uma nova organização - o PAN, Partido dos Animais e da Natureza - capaz de resolver os nossos mais ingentes problemas.
Quer saber como sair da fossa? Pergunte aos cães.
Quer ganhar mais uns tostões? Pergunte às ratazanas.
Quer melhorar a sua qualidade de vida? Vá viver com os porcos, antes que acabem.
Tem larica? Alimente-se com o ar puro da Natureza virgem.
É mais ou menos o que propõe o PAN.
Deixe de comer carne, manda o PAN. É verdade. Se não comer carne, acabam os porcos, repugnante e poluente espécie.
Se não for aos toiros, acabam os toiros, mais os ganadeiros, os campinos, parte dos cavalos, para além dos tipos das quadrilhas e dos fabricantes de bandarilhas e de outros malvados artefactos.
Acabe-se com as vacas, miseráveis alimárias que dão carne e essa coisa horrível que é o leite, de onde saem os queijos e as manteigas, tudo autênticas fábricas de colesterol.
Estime o seu cão! Dê-lhe a comer saladas de alface biológica e feijão frade.
Nem mais um carapau para o gatinho da sogra!
Nem mais um pescador no mar.
Feche-se os talhos, os matadouros e as fábricas de chouriços.
Está doente? Vá à bruxa, ao astrólogo e ao exorcista. Acabe-se com o serviço nacional de saúde, que só gasta dinheiro e enche o povo de químicos.
Se não gosta de legumes, faça como cavalo do escocês: deixe de comer e verá.
Mude-se a constituição. Crie-se o “direito à ‘senciência’ (?) dos animais e ao seu direito à vida e ao bem-estar”, diz o PAN. As moscas e as osgas passarão a ter direito à greve, o que muito contribuirá para a sua qualidade de vida.
Altere-se o código civil, diz o PAN. No código civil, diz o PAN, “os animais são reduzidos ao estatuto de coisa”.
O IRRITADO, preocupadíssimo que está com as preocupações do PAN, sugere ao seu promotor, um tal Paulo Borges, que altere a designação do partido para PANC - Partido dos Animais, da Natureza e das Coisas. Assim, poderia acabar com as ofensas às coisas, coitadinhas: não mais petróleo, nem cimento, nem pedras da calçada, nem pneus, nem, nem, nem…
Assim, o panorama seria completo: o homem, os animais selvagens, os calhaus e as árvores, sobretudo as que não fizessem sombra ao PANC.
Acabava a humanidade mas salvava-se o planeta. Não é o que diz o politicamente correcto e o engenheiro relativo?
Partido, haveria só um: o PANC e mais nenhum! O líder seria uma minhoca. Que delícia.
31.1.11
António Borges de Carvalho