ROYALICES
Na segunda-feira de Carnaval estava este vosso criado repastelado num quarto com vista para o mar, em Biarritz (“cólidade” de vida, pois então!), quando surge, na TF1, a dona Segolène a responder às perguntas de um painel de citoyens.
Tive a pachorra de ouvir aquilo quase até ao fim.
A senhora é finória, não se atrapalha, e lá vai respondendo, ou seja, virando e revirando, diante da rapaziada, uma bem estudada cassette. Nada de especialmente novo no que disse. O povo blá blá blá, o terceiro mundo que é preciso ajudar de outra maneira (qual?), os rapazinhos que queimam carros são uns gajos porreiríssimos que é preciso “integrar”, o ministro do interior é um burro, a République a que é preciso dar uma vida nova, pó pó pó, a semana das 35 horas logo se vê, está tudo no meu programa tá tá tá, e por aí fora. Sá a vi à rasquinha quando lhe perguntaram qual era o tacho que daria ao seu compagnon, senhor Hollande, se fosse eleita. A tais alhos respondeu com bogalhos. Fazia lembrar o senhor Pinto de Sousa (Sócrates).
Na minha qualidade de estrangeiro, só me entusiasmei quando a senhora se pôs a falar da grandeur de la France, com o tom gaulista do costume: la graaaaandeur de la Fraaaaance. A senhora foi lapidar: a) Dar à Fraaaaaance a grandeza “global” que “lhe cabe”, b) Pôr a Fraaaaaance a mandar na União Europeia, como lhe compete, c) Tratar os Estados à distância, sem contemplações, nem acordos, nem subserviências, nem lideranças.
Não faço comentários. Deixo estas modestas impressões à consideração de quem as ler. Presumo que, a este respeito, o senhor Sarko dirá mais ou menos o mesmo.
António Borges de Carvalho