CONTAS SOCRALDRABONAS
Como é do conhecimento geral, o senhor Pinto de Sousa tem proclamado aos sete ventos que está, por excesso!, a cumprir as suas promessas orçamentais, aquelas, lembram-se?, que fizeram com que o Dr. Passos Coelho desse a esta gente um completamente absurdo benefício da dúvida.
Vistas as coisas por quem sabe, a verdade é a seguinte:
A receita em impostos directos, em Janeiro, aumentou 26% em relação a Janeiro do ano passado, cifrando-se em 253M€, diz o PM.
Estes 26% devem-se à receita de IRC (mais 153,4% em relação a Janeiro de 2010);
Os impostos indirectos deram um valente contributo:
Imposto sobre veículos: mais 59,9%
Imposto de circulação: mais 46,4%
IVA: mais 60 milhões de euros.
Procurando a origem destas brutais cobranças, teremos:
A de IRC deve-se às distribuições antecipadas de dividendos (estão a ver porque é que o governo não se chateou nada com tais distribuições?).
Os 60M€ devem-se às vendas de automóveis, em Dezembro, à antecipação do aumento do IVA e ao fim dos incentivos à compra de veículos.
Conclusão: a esmagadora maioria da descida do défice (398M€) fica a dever-se a receitas não recorrentes, por isso “extraordinárias”.
A receita contribuiu com mais de 90% para a quebra do défice, reconhecem os “governantes”, ainda que não se perceba bem como tal aconteceu, já que a despesa aumentou.
O governo comprometeu-se a conseguir a quebra do défice através (1/3) de aumento da receita e (2/3) da descida da despesa. O governo não cumpriu.
A despesa efectiva subiu cerca 1%. O governo não cumpriu.
A despesa com o pessoal, apesar da baixa dos salários da função pública, cresceu 4,9%. O governo não cumpriu.
Os juros pagos aumentaram 23%. Neste particular não se pode dizer que a culpa seja do governo, a não ser por ter conduzido o país à miserável situação em que se encontra e por, ainda por cima, andar a embandeirar em arco por ainda haver quem compre a dívida.
Com os juros consistentemente acima dos 7%, o governo contabiliza a 6,4%. Contabilidade criativa?
Perante isto - as contas não são do IRRITADO - de que está o PR à espera para pôr esta gente na rua?
Será que está a contar com o voto do PC numa moção de censura do PSD ou do CDS? A que preço?
De que está o Dr. Passos Coelho à espera para exigir do PR a dissolução da Assembleia?
Acharão, um e outro, que, “lá fora”, ainda há quem acredite nesta gente?
Ainda não perceberam que a dona Ângela jamais dará o braço a torcer - se der - enquanto correr o risco de pôr dinheiro nas mãos desta gente?
Ainda não perceberam que vivemos na “estabilidade” mais instável de que há memória?
Ainda não perceberam que, ou se reduz o PS à dimensão que merece, ou seja, a 10 ou 15 por cento, ou o país não tem salvação?
Vá lá, meus senhores, pensem um bocadinho que não lhes faz mal nenhum.
23.2.11
António Borges de Carvalho