OS AMIGOS SÃO PARA AS OCASIÕES
Não sei se já repararam na forma “suave” como o senhor Pinto de Sousa e seus áulicos tratam as revoltas do Norte de África, sobretudo a da Líbia.
Compreenda-se. É triste ver criticar acerbamente um amigo com quem se partilhou a tenda, que se recebeu em casa, a quem se cedeu um monumento nacional para se instalar, cujas festas se frequentou, um homem que se abraçou com honra e prazer, por ser escovado pelos escravos e reagir à porrada, como compete. Um homem que já tinha sabido mostrar o seu poder mediante um atentado contra um avião civil do inimigo eleito, um homem que - que exemplo! - se preparava para legar o poder aos seus filhinhos mostrando assim os seus elevados sentimentos, um homem tão bem arranjado, tão bem cheiroso, um homem que dava exemplares do Corão às putas italianas, um homem…
É por causa da merecida consideração que este grande homem merece ao nosso governo que o nosso governo não alinha na universal condenação dos seus métodos, práticas e ideias, antes comenta com excepcional bonomia, cristã caridade e assinalável atraso, os acontecimentos que o põem em causa.
Quando correu o boato que o coronel tinha fugido para a Venezuela, o IRRITADO, plein de joie, almejou que o senhor Pinto de Sousa fosse ter com aqueles que publicamente são os seus maiores amigos. Seria um trio de excelência, a iluminar o nosso mundo!
Tal não sucedeu, infelizmente.
Mas a luta continua, não é?
25.2.11
António Borges de Carvalho