DO SUCESSO DO AUTORITARISMO
Rezam as crónicas que o Partido Socialista continua em alta, apesar dos socréfios desmandos.
Passados dois anos de voracidade fiscal e de ineficácia económica, a situação pode resumir-se mais ou menos como segue:
- Os impostos - quase todos - aumentaram, e não pouco;
- As prestações sociais baixaram;
- A cobertura nacional dos serviços de saúde encolheu;
- O investimento desce ininterruptamente;
- O consumo interno está nos seus piores dias;
- A construção em baixa está;
- A despeza do Estado aumentou;
- O défice das contas públicas subiu de 2,9% do PIB em 2004 (confirmado pelo Eurostat) para 4,6% (previsão do governo) em 2006;
- Os bancos pagam ao estrangeiro, em juros, 10% do PIB;
- O desemprego atingiu o seu valor mais elevado desde... 1986;
- A dívida do Estado subiu 6% de 2005 para 2006, situando-se perto dos 72% do PIB (€108.000.000.000);
- O "avanço tecnológico", objectivo de bandeira de Pinto de Sousa (Sócrates) e, mais tarde, de SEPIIIRPPDAACS, é dos mais baixos da Europa em geral, e o mais baixo da "velha" Europa;
- As exportações são, virtualmente, o único indicador positivo, mas têm por base o enriquecimento de terceiros, não o nosso.
Shortly: tudo o que do Governo depende se cifra em desgraça.
Acresce que, em campanha eleitoral, o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) tinha garantido, entre outras maravilhas:
- Que os impostos não subiriam;
- Que a protecção social melhoraria;
- Que o SNS proguediria;
- Que o investimento na economia aumentaria;
- Que o consumo interno, como motor e consequência do progresso económico, aumentaria;
- Que a construção... bem, a este respeito não sei se houve promessas (a OTA e o TGV não constavam, foram inventadas à posteriori para consumo dos papalvos);
- Que a despeza do Estado seria cortada;
- Que o défice das contas públicas diminuiria;
- Que o endividanento externo desceria;
- Que seriam criados cento e cinquenta mil postos de trabalho;
- Que o avanço tecnológico seria uma realidade.
Shortly: O Primeiro ministro aldrabou o eleitorado, consciente e propositadamente, para ganhar as eleições.
No entanto, apesar do brutal insucesso da sua política, apesar das mais que evidentes aldrabices, o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) e o PS continuam em alta.
Vale a pena pensar dois minutos a este respeito.
Nos últimos tempos, temos sido surpreendidos com os resultados dessoutra inenarrável aldrabice que é o concurso "O Melhor Português de Sempre".
À cabeça, dois políticos que se caracterizavam pelo autoritarismo.
De comum com Salazar e Cunhal, mas também com Cavaco (actual PIIIRP) e Sá Carneiro, Pinto de Sousa (Sócrates) tem a postura autoritária que agrada à Grei. Os portugueses, à esquerda e à direita, "amam" os que neles mandam, ou se propõem mandar, sem dar satisfações. Suponho ser esta a razão que leva às sondagens favoráveis ao PS e ao seu chefe. A mesma que põe Salazar e Cunhal no topo do estúpido concurso.
É evidente que há diferenças abissais entre os políticos acima elencados. Antes de mais, há os que são autoritários porque têm autoridade, como Sá Carneiro, e os que têm autoridade porque usam autoritariamente o poder de que dispõem, como Cunhal ou Pinto de Sousa (Sócrates). Há os que exercem autoridade porque gozam legitimidade política, como Pinto de Sousa (Sócrates) - não quer dizer que tenham legitimidade moral para a exercer como a exercem ou para enganar as pessoas - e há os que a exercem sem preocupações de legitimidade, como Salazar.
Todos, porém, de uma forma ou de outra, gozam da admiração dos portugueses. Pinto de Sousa está em alta nas sondagens porque não dá satisfações, porque mantem os seus ministros como o pastor mantem as ovelhas, ou seja, em boa ordem e ao empurrão. A malta prefere quem mande, mesmo que mande mal.
O problema não será dos portugueses tout court, uma vez que uma informal mas generalizada "conspiração informativa" os mantem desinformados. Pinto de Sousa (Sócrates) caíu no goto da "informação" mas não lhe fez tosse. A "informação" não o denuncia, não o critica, não o persegue, faça ele o que fizer. A "informação" percebeu que o fulano tinha condições para ficar, por isso intui que o melhor é calar.
Assim, em parte porque é sua tendência, em parte porque é para tal empurrada, um larga maioria de portugueses acaba por adoptar a posição do "quanto mais me bates mais gosto de ti". Masoquismo fadista, ausência de sentido crítico, fatalismo congénito? Sei lá.
A política socréfia, ao contrário do que por aí se propagandeia, é claramente uma política socialista, no caso socialista de esquerda. Política em que as prioridades são elencadas segundo os interesses de uma entidade colossal com a qual o diálogo é difícil, ou impossível - o Estado, e não segundo os interesses de cada um dos que deveriam ser objecto da política - os cidadãos. Política cujo objectivo não é libertar, mas submeter. Política em que os sacrifícios de todos não são feitos em favor do futuro de cada um, mas se subordinam à estabilidade e ao "sucesso" da superestrutura estatal, única sede em que a esquerda se sente bem.
E, no entanto, o "povo" que não é de esquerda, liderado por chefes políticos sem garra, sem ideias e sem autoridade, e "informado" por uma subservientíssima "comunicação social", é levado, e aceita, a asserção de que Pinto de Sousa (Sócrates) está a governar "à direita". Nada mais falso, nada mais enganador.
Pinto de Sousa (Sócrates) comanda o governo mais esquerdóide que Portugal conheceu desde o 25 de Novembro de 1975. Os chefes (chefinhos) da direita deixam correr a falácia que consiste em acreditar que os esquerdóides socraticóides estão a tomar as medidas que eles gostariam de tomar. Sem uma palavra, sem um grito de indignação, sem uma clara denúncia. Ora bolas.
Tempos virão depois destes tempos, dizem os que, como eu, não querem desesperar, mas que não têm outra coisa a que se agarrar senão à esperança de que o tempo trate do assunto.
António Borges de Carvalho