APELO AOS MANIFESTANTES DO DIA 12
Caros manifestantes
Dizem para aí que vocês são jovens. Acredito. Dizem que estão à rasca. Têm o benefício da dúvida do IRRITADO. Alegam que têm razões para estar descontentes. Acho que sim.
Não sei é qual é o alvo da vossa manifestação. O camarada Louça já anda para aí a pedir boleia. O camarada Jerónimo, que tem alguma vergonha na cara, não pede boleia, mas não deixará, presume-se, de arregimentar a mesnada. Os camaradas do PS não vão aparecer, porque o governo não é do PSD, caso contrário lá estariam em massa, mesmo que não houvesse motivo nenhum.
O IRRITADO permite-se adiantar uma modesta sugestão, a saber:
a) A vossa situação, acham vocês, legitima um protesto;
b) Quem protesta, protesta contra alguma coisa;
c) Se a razão do protesto é o desemprego, a dificuldade em arranjar emprego, a falta de ajuda no desemprego, então,
h) Há que determinar quem é o culpado de tal situação, a fim de protestar contra esse, ou esses;
i) Aqui é que bate o ponto;
j) Ora pensem bem: quem é que anda para aí a defender os empregados contra os desempregados? Quem é que anda para aí a achar que quem está “encaixado” tem que continuar encaixado, mesmo que haja uma multidão de gente mais habilitada a bater à porta? Quem é que anda para aí a impedir a mobilidade social que os tempos impõem e a justiça exige? Quem é que anda a fazer tudo para nos transformar numa sociedade paralítica, desmotivada, incapaz? Quem é que protege os privilégios (“direitos” adquiridos) de uns, contra os direitos de outros - vocês?
k) A resposta é simples: quem vos anda a lixar é o Carvalho da Silva, a CGTP, o PC, o BE e o PS, todos empenhados em amarrar as novas gerações às grilhetas que as velhas fabricaram, com as trogloditas “justificações” do capitalismo, do imperialismo, da luta de classes, da inveja e da malquerença, de tudo o que pode contribuir para o nosso atraso e a nossa - vossa - desgraça.
Identificados os autores, resta protestar contra eles. Façam-no com força e convicção. E esqueçam, por favor esqueçam, essa peregrina história da “precariedade”. Encarem o emprego como um passo da vossa vida, a caminho de outro qualquer. Não comprem casa logo que ganhem algum. Sejam móveis enquanto podem. Arrisquem. Não tenham medo, a não ser desta horrível gente que vos arruína dizendo que vos defende.
Se o Louça e quejandos lá aparecerem, digam-lhe que não sustentam parasitas, que se ponham a mexer, que vão pendurar-se a outro!
9.3.11
António Borges de Carvalho