NOS BRAÇOS DA DESGRAÇA
Ontem, estupidamente, o IRRITADO viu, durante uns minutos, dois espectáculos verdadeiramente patéticos.
O primeiro, “vendido” como alta demonstração da imaginação e do trabalho de qualidade dos portugueses, foi uma plongée sobre uma coisa orgulhosamente chamada “Moda Lisboa”.
Para além das habituais rapariguinhas a partir as ancas no tablado - o que á normal nestas celebrações -, exibindo tristíssimos andrajos, foi-lhe dado assistir por poucos - longuíssimos! - momentos à exibição de uma colecção de criaturas, qual delas mais repugnante, ou exibindo a sua fealdade e exponenciando-a com miseráveis manipulações “de imagem”, ou prestando-se a verdadeiros ataques a qualquer mínimo de decência (falo de decência estética e de respeito próprio, não de nudez ou coisa que o valha).
Mudei de canal. Sou apanhado por uma coisa ainda mais miserabunda: uma cavalona, sapato 44, joelhos de eisbein, boca de metropolitano, com idade para ter juízo, aos pulos, aos gritinhos, esbracejando como uma tonta. Cortei então o som para melhor ajuizar da imagem, presumindo que esganiçaria condizentes e entusiásticos disparates.
Pior foi o que se seguiu: a costumeira exibição de criancinhas “talentosas”, aplaudidas pelos respectivos papás e por uma multidão de tarados, atiradas para a “vida” desta forma sub-humana. E mais: tipos tatuados, em tronco nu, a fazer habilidades do género das dos pedintes de rua que enxameiam o Chiado. Um nunca acabar de desgraça e de mau gosto.
Se não acreditam, vão ao youtube. Ficarão a saber para que servem os “reguladores” destas matérias, para além de se ocupar dos interesses do governo.
14.3.11
António Borges de Carvalho