O MAQUIAVEL DA REBOLEIRA
Perito em aldrabices e golpadas, o nosso absurdo PM tratou de arranjar uma casca de banana, a ver se o eleitorado escorrega nela.
O senhor Pinto de Sousa, como o IRRITADO já tem demonstrado, outro fim não vê na política, nem na vida, que não seja o de se manter no poder.
Estranhamente, ou não tanto, o PS, transformado pelo senhor Pinto de Sousa em bando de malfeitores políticos, está com ele. As poucas vozes que poderiam “falar” dentro do partido, ou estão amordaçadas, ou acagaçadas, ou compradas.
É cada vez mais ténue a diferença entre o senhor Pinto de Sousa e os seus predilectos irmãos, a saber, o coronel Cadafi e o sargento Chaves. Algo nos diz, com foros de certeza, que, se não fôssemos membros da União, já não haveria diferença nenhuma.
A golpada é simples: passando por cima de qualquer moral pública, o senhor Pinto de Sousa tratou de, sem dar cavaco fosse a quem fosse, apresentar à patroa Merkel mais uns cortes nos bolsos dos desgraçados, sem nada apresentar que quisesse dizer cortes nele próprio, ou seja, nas despesas do Estado (que não seja em salários dos não boys), de que se assume proprietário.
Por menos que isto devia ser, pelo menos, expulso do país.
Diz-se, esperemos que sem razão, que vai suceder o que segue:
- O PSD dá-lhe com os pés, não podendo fazer de outra forma se tiver alguma dose de self respect;
- Os “mercados”, a “Europa”, ou seja lá o que for, reagem mal;
- A hecatombe nacional atinge cumes jamais vistos;
- Há eleições antecipadas;
- O senhor Pinto de Sousa, exercitando a sua única verdadeira “qualidade” - a mais desonesta das demagogias - venderá ao país a ideia de que é vítima de terceiros e que, se a hecatombe existe é por culpa deles, já que o próprio, coitadinho, teria “salvo” a Nação se o tivessem deixado;
- E ganha as eleições;
- O país acaba.
Porém, se houver algum bom-senso, cá e na “Europa”:
- Pode ser que os credores, que sabem que o homem é, como dizia Pires de Lima, um mero “aldrabão de feira”, não reajam tão mal como isso;
- Pode ser que o PR, é de duvidar mas pode ser, assuma o protagonismo que anunciou na posse, e não continue nas encolhas;
- Poder ser que a malta perceba, finalmente, a infinidade de logros em que por duas vezes caiu;
- Pode ser que, em face dos anteriores “pode ser”, os eleitores portugueses se libertem de uma vez por todas deste absurdo tiranete e das suas propagandas e asneiras.
Já nada há que nos livre das consequências devastadoras dos seis anos da perniciosíssima acção deste palhaço.
Ao menos que, a partir de daqui a uns meses, possamos “ver” o que se passa e encetar um caminho que, sendo ainda mais pedregoso que o que agora percorremos, possa, com a verdade, levar-nos a ter alguma réstia da esperança que todos os dias vemos fugir.
14.3.11
António Borges de Carvalho
*
A este respeito, o IRRITADO toma a liberdade de transcrever um artigo de Isabel Arriaga e Cunha, hoje ínsito no “Público”:
Com a provocação a Passos, Sócrates programou o calendário da crise
José Sócrates sabe que a forma como pôs o pais, o Presidente da República, os parceiros sociais ou o PSD perante um facto
consumado com as novas medidas de austeridade - o chamado PEC IV - não deixará de provocar uma crise política, a queda do Governo e novas eleições.
O primeiro-ministro também sabe que um cenário desses
pode pôr em risco a ajuda do fundo de socorro do euro que o
seu Governo está a negociar há muitas semanas com os parceiros europeus, em moldes que correspondem às suas principais reivindicações, para garantir condições mais favoráveis de financiamento para o país.
E sabe-o, porque o novo PEC foi construído expressamente para constituir a contrapartida nacional que o país terá de assegurar para beneficiar dessa ajuda (ver texto ao lado).
Sendo assim, o que se esperaria do primeiro-ministro era que procurasse negociar um consenso alargado com a oposição sobre o novo PEC, em nome do interesse nacional. Em vez disso, Passos Coelho foi sumariamente informado na quinta-feira à noite, menos de doze horas antes do anúncio oficial das medidas. E, como o primeiro-ministro não podia deixar de saber, o líder do PSD não teve grande alternativa senão dissociar-se da nova austeridade.
Sócrates está a jogar no facto de o país só precisar de apresentar no fim de Abril a Bruxelas os planos orçamentais para os próximos anos, O que significa que poderá arranjar maneira de submeter o novo PEC à aprovação da Assembleia da República em meados de Abril. Ou seja, depois de concluído o acordo europeu, programado para a cimeira de 24 e 25 de Março, sobre a resposta à crise da dívida soberana, da qual o pacote de ajuda a Portugal é parte integrante.
A partir da cimeira, a ajuda poderá ser activada e o PEC submetido à AR. Se a oposição o recusar, como parece provável, o país vai a votos, O líder do PS poderá então apresentar-se como o salvador do país da bancarrota, esperando capitalizar junto dos eleitores. Caso contrário, Passos Coelho será o herdeiro da ajuda europeia e do PEC de Sócrates...