47+77 = 0
Aos 47 “nomes” que assinaram um patriótico documento destinado a propiciar, ou forçar, a aprovação pelo PSD e pelo CDS do acordo do PS com o FMI/FEEF, vieram juntar-se mais 77, alguns muito conhecidos lá em casa, unidos pela ânsia de aparecer lado a lado com os iniciais patriotas.
124 “figuras”, convencidas da sua “influência”, do seu “prestígio nacional”, crentes de estar a fazer o “bem”, isto é, a pôr a Nação ao serviço da incompetência do senhor Pinto de Sousa & Companhia.
Como o IRRITADO já disse, o PSD e o CDS não têm alternativa que não seja subscrever o “programa” do FMI, coisa chata em si, e ainda pior do que poderia ser dados os malefícios da “solidariedade europeia” que, como toda a gente sabe, aleija muito mais que o “neo-liberalismo” do FMI. Não vale a pena esbracejar a este respeito. Aceita-se, e pronto, enquanto hipótese de mezinha para tentar remediar os catastróficos resultados da “governação” do senhor Pinto de Sousa.
Postas as coisas neste pé, os 124 heróis perderam uma ocasião de ouro para estar calados e quietos.
Todos sabem de ciência certa que o senhor Pinto de Sousa não presta e que o mais patriótico de todos os objectivos nacionais é mandá-lo às malvas. Vir, nesta altura do campeonato, dizer o que toda a gente sabe – que não há outro remédio senão amochar – só pode significar o lançamento de uma bóia de salvação aos autores da desgraça.
A única mensagem política digna de patriótico nome seria a de acusar quem deve ser acusado e de dizer às pessoas que, com esta gente, nunca mais. Compreende-se a inoportunidade de tal atitude, no momento em que, goste-se ou não, outra coisa se não pode fazer que não seja deixar na mão dos culpados a única via de solução para os seus impuníveis crimes. É triste, mas é assim.
Por isso que os heróis, se o quisessem ser de verdade e não conseguem estar calados, devessem, vá lá, dizer “assine-se” mas, ao mesmo tempo, empenhar-se na mudança, se não de políticas de fundo – que são as dos credores – pelo menos de gente.
Esta, como todos sabem, não presta.
17.4.11
António Borges de Carvalho