A HISTÓRIA DA DESGRAÇA
Anda para aí uma discussão, estúpida e manipuladora, destinada a convencer o pessoal da “evidente” “culpa” de todos os governos que, de Cavaco até hoje, se ocuparam das nossas finanças.
Convém, mais que não seja a título de inventário, dizer o que se passou, a fim de, numas dúzias de espíritos que seja, esta aldrabice não faça tanta mossa como as tantas e tantas e tantas que por aí florescem.
Assim:
Quando Cavaco virou as costas ao poder e deixou a batata quente nas mãos de um bem-intencionado ineficaz, a dívida, e o défice, tinham subido mas não estavam fora de controlo, não passavam do que era tido por normal em nações financeiramente saudáveis.
Chegou Guterres. A despesa aumentou, a economia nem por isso, o estado “social” engordou, a situação dos dinheiros públicos entrou em perigosa derrapagem. Guterres deu à sola quando percebeu que tinha feito asneira e que não tinha estaleca para a emendar.
Veio o Barroso. Dona Manuela entrou para as finanças. A primeira coisa que fez foi denunciar a situação e tratar de pôr as contas em ordem. O PS entrou em delírio: que não era preciso tratar das finanças, a economia é que era bom, a dona Manuela não percebia nada do assunto. À cabeça do delírio aparecia Pinto de Sousa na televisão a trocar as voltas a Santana Lopes, que se via à rasca para fazer perceber que a dona Manuela é que tinha razão, que a economia não dava para endireitar as coisas e que era preciso cortar na despesa. O ultra socialista Sampaio ajudava à missa com a célebre história da vida para além do défice. Diga-se que este senhor jamais apresentou desculpas à Nação, apesar do muito que a prejudicou com a sua partidarite esquerdista e desonesta.
Barroso deu de frosques à procura de melhor. Sampaio nomeou Santana Lopes. Santana Lopes pôs nas finanças um homem sério e competente, que se propôs continuar na linha de dona Manuela, ou seja a tentar endireitar a desgraça financeira que o guterrismo tinha causado.
Por inveja e malquerença, o Prof. Cavaco Silva e o Rebelo de Sousa, acompanhados por uma chuva de idiotas e de socialistas, trataram de desacreditar um governo que era, pelas pessoas envolvidas, talvez o mais prometedor de todos os governos constitucionais. Sampaio aproveitou a boleia e zás!, governo abaixo. Um golpe de Estado constitucional, rasca e indecente, mas formalmente “legal”. Apesar do que veio a passar-se, Sampaio continua a não pedir desculpa e a armar-se em patriota.
A cama assim feita, veio o Pinto de Sousa. A máquina funcionou com o combustível generosamente oferecido por esse outro inacreditável socialista, Constâncio de seu nome, através de um “orçamento” putativo, que jamais existiu, mas que serviu às mil maravilhas o Pinto de Sousa. Como por encanto, Pinto de Sousa aumenta o défice, e diz que o baixou. O pessoal, empurrado pela máquina de desinformação do governo, acreditou. Depois, baixou o défice que tinha conseguido aumentar, mediante umas voltas contabilísticas, umas desorçamentações e coisas do género. Isto, enquanto entrava como um histérico em parlapatices tais que as SCUT’s de borla, as PPP’s, o “Magalhães” e sei lá que mais trampolinices demonstrativas de irresponsabilidade, incompetência e trafulhice.
O povo começou a deixar de acreditar e tirou-lhe a maioria absoluta, o que, se o homem não fosse um tiranete, teria levado a uma coligação com o CDS ou, até, com o PSD. Coisa que, contra a vontade dos eleitores e contra os interesses da Nação, foi liminarmente recusada.
Assim se chegou onde chegámos. É cero que com uma ajuda da crise externa. Mas, no nosso caso, a crise externa serviu para que se começasse a descobrir o véu da desgraça que a dona Manuela e outras pessoas de bem há muitos anos anunciavam.
Por tudo isto, quando se fala de culpas devia falar-se de coisa que é exclusivamente pertença do chefe do PS e daquilo em que ele transformou o partido, o bando do “congresso”: aldrabões, carneiros e yes men, para falar suavemente.
É esta gente que está a negociar com os credores! É esta gente que vai fazer o programa do governo seguinte.
Na certeza que, se nos acontecesse a desgraça de continuar a ter esta gente no poder, nem esse programa seria cumprido, como não o foi o orçamento, o PEC 1, o PEC 2, o PEC 3, como não o seria o PEC 4 e tudo o mais que esta gente dissesse ou prometesse.
O pior, meus amigos, é que temos que fazer orelhas moucas a palavras loucas.
Sendo certo que as palavras loucas são tão sonoras, tão manipuladoras e tão “tecnológicas” que, para muitos, vai ser difícil escapar à sua perniciosíssima influência.
18.4.11
António Borges de Carvalho