CORTAR A TORTO
O grande camarada Pinto de Sousa, dito Sócrates, orago milagreiro de uma antiga organização política, dita PS, é um homem que corta a direito, segundo os áulicos, e a torto, segundo o IRRITADO.
Quatro exemplos irrefutáveis e fresquinhos:
a) Uma senhora da agência de informação do Estado (ou do governo), dita “Lusa”, foi contactada pela máquina de informação do primeiro-ministro, que a instigou a publicar uma frase basilar, leia-se irrefutavelmente idiota, que o chefe ia pronunciar no dia seguinte. A senhora não atendeu a pedido tão gentilmente formulado e destinado a alimentar, por antecipação, as manchetes dos jornais. Malvada! O justo resultado foi que a administração da tal “Lusa” lhe deu um pontapé no rabo, com certeza com o argumento de que não se pode deixar de publicar o que o PM manda. Um caso a juntar a tantos outros, verdadeiramente paradigmáticos quanto aos sentimentos democráticos da organização que dá pelo nome de PS e do seu generalíssimo.
b) A dona Ana Paula Vitorino, anafada técnica de transportes e antiga secretária de estado do célebre Jamais!, foi, segundo o “I” de hoje, saneada pelo Pinto de Sousa do galarim da organização dita PS. É assim mesmo! Quem se mete com o Jamais! e com o seu chefe, leva!
c) O Luís Amado, muito conhecido por falar baixinho, foi também escovado da organização dita PS. É bem feito. Então não é que o homem se punha para aí a falar alto? A dizer coisas que não estavam no manual de instruções? Pior! O homem chegava ao ponto de dizer verdades, o que não só não está no manual de instruções como não faz parte da ética republicana do governo. Que é que queria, hem?
d) O irreparável Basílio Horta, fundador e ministro do CDS, candidato a PR pelo CDS contra Soares, voltou ao galarim pela mão do Barroso que, para o compensar, o pôs de férias em Paris, numa embaixada qualquer. O camarada chefe da organização dita PS, quando subiu ao trono, não só o deixou acabar o mandato como o reconduziu. Depois, pô-lo a mandar numa das dez mil e trezentas “autoridades”, “agências”, ou lá o que é, o que lhe granjeou meritória presença em inúmeras sessões solenes e inaugurações, lado a lado com o primeiro-ministro. A recompensar esta indefectível fidelidade, o Basilinho, como há quem o trate, foi nomeado cabeça de lista por Leiria! Um percurso notável! Notável e coerente, não é? Diz ele que não tem “nenhum compromisso com o senhor primeiro-ministro”. Ai não? Vê lá onde vais parar, rapaz, se fazes xi-xi fora do bacio. Não tens compromissos o tanas! Ou andas direitinho na feira das vaidades do generalíssimo ou vais ver o que te acontece.
Assim vai o mundo.
18.4.11
António Borges de Carvalho