Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

POBRES DE NÓS!

 

Quando José Saramago proferiu a máxima “Fazer de cada cidadão um político”, ou se enganou ou estava a pensar nos regimes em que sua ideologia foi ou é aplicada e em que o conceito de cidadão e de político se aplica aos membros do PC que souberem seguir, sem tergiversar, as ordens do comité central.

 

Esta nobre máxima é o leit motiv da rapaziada da manifestação à rasca, que agora se institucionalizou. Pelo menos, é com tal emblemática expressão que abre o seu manifesto.

Nada a dizer. Querem fazer um “movimento”, pois que o façam em total liberdade.

Em boa coerência, nem precisariam de se legalizar. Podiam aplicar o conceito das coisas de facto que, como os “casamentos”, passam, por encanto e à vontade do freguês, a ser de jure, com a notável consequência de passar a ser indiferente cumprir ou não cumprir a lei e assumir ou não as responsabilidades de cada um perante terceiros.

Parecia que era esse o espírito da manifestação. Coisa inorgânica, que declarava querer ficar-se por aí.

 

Deu-se o oposto: acaba de ser registado o M12M, Movimento Cívico Geração à Rasca, com liderança, direcção, assembleia-geral e conselho fiscal. Como manda a lei. Muito bem.  

 

Indo um bocadinho mais longe, vemos que o objectivo máximo da coisa é combater a “precariedade”. A nossa juventude, acima de tudo, acha que o empreguinho para o resto da vida é um nobre ideal, um valor, um direito.

Pobres de nós, que andámos, ou andamos, a mourejar para ter uma vidinha decente. Os nossos “filhos”, pelo menos os do M12M, que são muitos, não querem progredir na vida de outra forma que não seja com diuturnidades e “progressões automáticas”, na certeza que nada nem ninguém os poderá pôr na rua ou exigir seja que esforço for, já que a “sociedade” tem a “obrigação” de lhes pagar, de os alimentar, educar, de lhes tratar da saúde, hoje, amanhã, sempre, aconteça o que acontecer. Se não fosse estúpido, era só desgraçado.

 

A título de parêntesis, três pequenas histórias:

  1. Aqui há anos exercitava o IRRITADO os seus dotes na língua alemã (muito inferiores, diga-se, aos do inglês técnico do primeiro-ministro), num táxi, em Hamburgo. O motorista era um rapaz novo. Da conversa, concluiu que o rapaz era licenciado em direito, mas não tinha emprego. Já tinha andado na apanha de maçãs e servido à mesa num restaurante barato. Dizia-o sem complexos. Quando aparecesse um trabalho em que pudesse aplicar os seus conhecimentos, óptimo. Até lá, preciso era não estar parado. Quando comparo isto com os nossos licenciados – há-os aos pontapés, dado o estado do ensino – e penso quantos moldavos e romenos andam ao pinhão, ou a cortar cortiça no Alentejo, sem que haja um único português que se ofereçapara tais tarefas, ainda que razoavelmente pagas, vejo a diferença.
  2. Esta, esta bem fresquinha, é a história de um casal de comerciantes remediados de Lisboa, cuja filha, gloriosamente, se licenciou em psicologia, ou coisa que o valha. Confessavam-me, ofendidíssimos, que alguém tinha oferecido à rapariga um emprego como dama de companhia de uma senhora de idade. Não queriam mais nada! A “doutora”, concluí, ainda que bem paga, o que era o caso, prefere não fazer nenhum a tratar de uma velhota até que melhor apareça.
  3. Esta não é bem uma história, ou seja, é a história dos enfermeiros. A distinta classe fez uma barulheira dos diabos porque queria melhores salários. Até aqui, tudo normal. O problema é saber porque o queriam. Porque estavam mal pagos? Porque trabalhavam mais horas? Porque mereciam ser melhor pagos? Nada disto. Os enfermeiros achavam-se no direito a mais dinheiro porque tinham passado a licenciados, isto é, tratava-se de uma questão de secretaria!

Fecho o parêntesis e passo a debruçar-me sobre as reivindicações dos à rasca – o M12M.

Querem mobilidade para poder progredir na vida? Nem pensar!

Querem tomar iniciativas que impliquem trabalho, e apoio para isso? Cais quê!

Querem que se crie condições para que haja mais oferta de trabalho? O que é isso?

Oferecem-se para tarefas sociais pagas? Que ideia!

 

Vejamos então o que eles querem:

Querem, como já disse, “acabar com a precariedade”. Foi para isso, confessa uma professora doutora “mãe” da iniciativa, que fizeram a manifestação.

Querem “reconhecimento partidário” (?), coisa de que se “sentem marginalizados”.

Segundo outro senhor do M12M, o movimento é “laico, pacífico e apartidário”.

Nas palavras do mesmo senhor e da outra senhora:

Querem apresentar uma iniciativa legislativa para proibir a precariedade.

Querem uma auditoria às contas públicas.

Querem um referendo para não se pagar a dívida soberana.

Querem “politicas alternativas”.

Querem lutar contra a “deterioração das condições de trabalho”.

Qurem pôr cobro ao desmantelamento dos direitos sociais”.

Ou seja: o M12M repete, tim-tim por tim-tim, os slogans do Carvalho da Silva, do Jerónimo, do Louçã e do Pinto de Sousa – este só quando lhe convém, se outra coisa lhe convier outra coisa dirá.

Apartidários uma ova!

 

Com esta agenda, igualzinha à da extrema-esquerda, mais o indómito objectivo de ser pago para existir, mais uma indisfarçável vontadinha de não fazer nenhum, mais estar convencido de ser inteligente, pobres deles e pobres de nós todos.

 

Para acabar em beleza, eis como se cantava há para aí cem anos, com óptimos resultados. Podia servir de hino ao M12M:

 

Vivó socialismo!

Vivó Fontana!

Vivó descanso sete dias na semana!

 

Vivó socialismo!

Vivó Menezes!

Vivó descanso toda a vida e mais seis meses!

 

Frum fum fum!

      

24.4.11

 

António Borges de Carvalho

O autor

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub