CONVERSA PERIGOSA
Para variar dos assuntos do momento, uma pequena incursão numa coisa mais universal: a polémica dos transgénicos.
Desde a mais remota antiguidade vem o homem manipulando a Natureza a seu favor e, as mais das vezes, a favor da própria Natureza.
Não comemos uma fava nem um bife que não tenham sido objecto de modificação induzida pela humanidade numa Natureza que, deixada a si própria, teria, há milhares de anos, deixado de ser capaz de alimentar a nossa espécie.
O que é um enxerto numa árvore ou o apuramento de uma raça senão uma manipulação genética?
Quando, porém, tal manipulação deixa de ser obtida por processos clássicos e é objecto de apuramento científico e técnico, manda o politicamente correcto que se lance um anátema sobre “modernices” conseguidas por horrendas multinacionais que investigaram o assunto e ganham dinheiro com isso.
Vê-se bem a carga ideológica da coisa, desta vez “estribada” em excessos de imaginação que fabricam terríveis pragas e letais doenças a partir da cultura e da ingestão de vegetais geneticamente modificados.
Há uns bons 15 anos que os EUA entraram na produção “industrial” de milho, de soja e de algodão. Ainda não foi identificada nem uma praga que tais culturas tenham provocado, nenhuma epidemia, nenhuma nova doença com comprovada origem nas produções transgénicas.
O que foi provado foi a obtenção de espécies vegetais mais resistentes e muito mais produtivas.
Que interessa isto aos “ecologistas” ou aos ideólogos do socialismo? Nada. O que os move não é qualquer lógica elementar nem qualquer interesse no progresso da humanidade.
Move-os a política primária do terror e o ódio visceral a tudo o que tenha origem “capitalista”.
Diz-se por aí que, dentro de relativamente pouco tempo, a humanidade atingirá os sete mil milhões de bocas.
Ou a humanidade continua o que sempre tem feito, isto é, a manipular genéticamente as espécies de que a sua natureza omnívora precisa, ou morrerá de fome.
É esta a escolha. O resto é conversa, e conversa perigosa.
29.4.11
António Borges de Carvalho