NEM RATO, NEM ESTADO SOCIAL
Segundo a fábula, a montanha pariu um rato, significando a miséria do que fazem os que muito prometem ou muito esbracejam.
Desta vez, a montanha nem um rato pariu.
Pariu nada.
O senhor Pinto de Sousa anda há semanas a proclamar que o seu programa, e do FMI, é o PEC 4, o tal que, coitadinho, foi impedido de “implementar” e que prometia nada menos que cortar nas reformas mais baixas para arranjar parte do dinheiro que, há seis anos, a benefício da dívida, vem malbaratando. Isto para além de outros disparates de semelhante jaez, bem elencados, aliás, pelo ministro das finanças na sua célebre intervenção “explicativa” ou punitiva, de princípios de Março.
Pois nem isso. O senhor Pinto de Sousa apresentou um “programa” que de programa nada tem. Generalidades, patacoadas sem sentido, “verdades” do amigo banana. Nada mais. O PEC 4 foi esquecido. O que era fundamental para “salvar” o país, o que até já tinha o apoio(?) da “Europa”, desapareceu como por encanto, substituído por um vazio total. No fundo, o que o senhor Pinto de Sousa decidiu, tendo percebido que já ninguém acredita em qualquer promessa que faça, foi dar um ar de continuidade, isto é, fazer ilegítima publicidade subliminar das impossíveis promessas.
A montanha nem um rato pariu. Zero.
O sacrossanto “Estado Social” que o senhor Pinto de Sousa, sempre que precisa de mais dinheiro, não hesita em paulatinamente destruir, é o cavalo de batalha contra os que o querem viabilizar com ideias mais inteligentes e mais eficazes que a mera cartilha socialista.
O tal Estado Social, gerido pelo senhor Pinto de Sousa e pelo seu ministro das finanças, tem os dias contados, como toda a gente já sabe ou já devia ter percebido. Mas, a bem da ideologia estatista e autoritária que anima o socialismo em geral e o senhor Pinto de Sousa em particular, vale mais morrer mais tarde do que ceder nela, em vez de tentar dar-lhe saúde.
Tudo o que seja mexer na forma de gerir o Estado Social e que não corresponda ao poder totalitário do Estado sobre ele, é considerado como violento ataque “liberal” ao dito.
A seara de enganos, ajudada pela mais completa ausência de qualquer sombra de ideia reformista ou de programa político, continua a florescer, qual floresta tropical de árvores carnívoras, de cobras venenosas e de miragens propositadamente enganosas.
A ver se a malta percebe.
28.4.11
António Borges de Carvalho